Jovens do Grande ABC não parecem muito dispostos a dirigir, conforme reportagem publicada por este Diário em setembro e que apontava queda de 30% na emissão da primeira via da carteira de habilitação entre 2014 e 2017. Mas o desejo de andar sobre rodas ou o sonho de ter veículo próprio estão no DNA do morador de uma região que é o berço da indústria automotiva no Brasil e um dia teve São Bernardo chamada de capital do automóvel, por abrigar cinco montadoras. Só isso mesmo para explicar aumento de 2% na frota na comparação entre 2017 e 2018. As ruas receberam 43.297 novos veículos, média de 118 por dia.

O índice e os números, à primeira vista, parecem ser pouco expressivos, mas devem ser considerados na medida em que o País ainda vive forte crise e a região contabiliza milhares de desempregados e queda no poder de compra. No entanto, quando se avalia a frota regional como um todo pode-se dizer que o volume é de assustar. Afinal, existe nas sete cidades do Grande ABC nada menos do que 1,89 milhão de veículos, o que dá média de um para dois moradores – são aproximadamente 2,7 milhões.

Obviamente, por sorte esse mar de veículos não está nas ruas ao mesmo tempo. O que também não quer dizer muita coisa para motoristas e motociclistas que diariamente são obrigados a circular pelo Grande ABC pelos mais variados motivos. Afinal, os principais corredores viários – e mesmo rotas alternativas – ficam praticamente intransitáveis ao longo do dia, mas é sobretudo nos horários de pico que o trânsito exige paciência de quem se vê preso em emaranhado nó viário que está longe de ser desatado.

E não é difícil imaginar que a situação tende a piorar na medida em que mais veículos passam a ocupar as já saturadas vias. Como bem explica especialista, os investimentos das prefeituras em ações de mobilidade urbana nos últimos anos não acompanharam o crescimento da população e da frota. Daí que o gargalo do trânsito está cada vez mais apertado.