"Se você não experimentar drogas, jamais terá problema. Se você experimentar, pode ser que venha a ter problema. Se provar e não gostar, não terá problema, mas, se consumir e gostar, passará a conviver com enorme problema." Esse é o alerta do psiquiatra Jorge Cesar Gomes de Figueiredo para os jovens, principalmente estudantes em idade para caírem em tentação e mergulharem no mundo cruel e destruidor dos entorpecentes. A droga consome a vida e, segundo o Ministério da Saúde, a juventude, cada vez mais aprisionada nesse universo, caminha por um trilha perigosa e hoje quase 9% dos brasileiros de 8 a 18 anos são reféns do crack.
Também como alerta para estudantes e, principalmente seus pais, o Diário transformou o 4º Desafio de Redação, correalização da USCS e DAE de São Caetano, com apoio da Ecovias, no pontapé inicial para a mobilização da sociedade.
O tema deste ano, Crack, Tô Fora!, objetiva ser ferramenta de conscientização de todos os segmentos do Grande ABC em busca de saídas que salvam esses jovens. A proposta socioeducacional, que prossegue hoje com aplicação de redações em colégios de Mauá, é sensibilizar a todos na criação de força-tarefa para intimidar a ação de traficantes junto à faixa etária ainda em processo de formação de caráter e de vida.
O psiquiatra Jorge Figueiredo, com consultório no Brooklin, Capital, e clínica de recuperação em dependência química no Embu, na Grande São Paulo, não teme em afirmar que o governo, seja ele federal, estadual e municipal, deixou de agir no momento certo para evitar a realidade deprimente que se vê em todos os municípios. Ao fechar hospitais especializados no tratamento a dependentes colocou na sarjeta jovens cujas famílias não têm condições financeiras de arcar com as despesas de desintoxicação e de recuperação. "Não há atendimento público. São poucos e com poucas vagas. Não há prevenção, profissionais capacitados para trazer de volta à vida esses dependentes."
Ele acredita que essa juventude intoxicada é reflexo da desestruturação familiar, onde o consumo passou a ser o laço de afetividade entre pais e filhos. Diz o profissional que a maioria dos pais não conhece sua prole. "Se fosse feito um questionário em sala de aula para que o estudante escrevesse quem é seu melhor amigo, que roupa gosta, qual seu estilo de música, o que ele mais gosta, e as mesmas questões fossem passadas aos pais, verificaríamos que eles, adultos, não sabem nada, ou muito pouco, sobre seus filhos."
Hoje em dia, quantos e quantos casos são de conhecimento de todos cujo casal enche seu filho de bens materiais e dele nada cobra, acreditando ser essa a melhor maneira de educá-lo para a sociedade. Quando viciado, comenta o psiquiatra, os pais erram aos permitir que o jovem continue a ter o mesmo estilo de vida, com roupa lavada, comida, teto aconchegante e ainda mesada. "Isso não ajuda em nada. Piora. Para sair da dependência, o viciado precisa sentir que perdeu, que não tem mais posse, que já não há mais carro, celular. A família precisa tirar tudo, para que ele sabia o que está jogando fora por uma pedra de crack ou uma droga sintética."
Jorge Figueiredo é contra a descriminalização da maconha, como propõem alguns políticos, entre eles o ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso. Isso não resolverá essa imensa onda de viciados cada vez mais em drogas mais pesadas. "É preciso salvá-lo antes de tudo. É preciso que as autoridades governamentais se dediquem mais em ações preventivas e educativas. Não é hora de pensar em descriminalização. É hora de salvar, de oferecer tratamento, de internar e de colocar ao alcance desse viciado profissionais capacitados que o ajudem em sua recuperação. E isso tem de ser rápido, porque já há uma parcela de dependentes irrecuperáveis. Esses, nós já perdemos", finaliza o psiquiatra, que fundou clínicas e desenvolveu modelos de tratamentos para dependências químicas e outras compulsões. Treinou equipes técnicas especializadas em tratamentos de dependências químicas e outras compulsões para clínicas especializadas na recuperação de farmacodependências.
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