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Prisão de professor é contestada
Juliana de Sordi Gattone
Do Diário do Grande ABC
08/03/2007 | 22:57
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Um caso jurídico pode virar luta política. Desde 19 de janeiro, o professor de Sociologia e Política da Fundação Santo André e da Metodista Marcelo Buzetto, cumpre pena no Centro de Progressão Penitenciária de São Miguel Paulista (SP). Motivo: foi condenado a seis anos e quatro meses de prisão por roubo de 14 toneladas de macarrão e carne durante ação do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra) do acampamento Nova Canudos, em Porto Feliz (SP), em 1999.

O caso dele, como de vários militantes do MST, tem sido apontado por políticos como um indício de criminalização dos movimentos sociais no Brasil.

Deputado federal, Ivan Valente (Psol-São Caetano) é adepto dessa opinião. “Já pedimos para o secretário estadual de Justiça, Luiz Antônio Marrey, para interferir na questão, porque a prisão dele poderia ser mantida em regime aberto.” Valente acredita haver forma de perseguição. “Ele não oferece risco. Entendo como perseguição.” Assim como o senador Eduardo Suplicy e Frei Beto, o parlamentar já visitou Buzetto no presídio.

Também do Psol, o vereador Horácio Neto (São Caetano) acredita que a prisão não se justifica . “O contexto dos fatos é dentro de um movimento reivindicativo. Além disso, existem algumas questões processuais.”

Ele avalia haver criminalização de movimentos sociais. “Há intenção dos setores ligados ao latifúndio e alguns conservadores de criminalizar o MST.” Para embasar sua justificativa, Neto lembrou do período da República Velha. “Acreditavam naquela época que os problemas sociais eram casos de polícia.”

Por meio de nota, a reitoria da Fundação Santo André afirmou ser solidária ao caso, mas não quis comentar questões jurídicas: “Professores, alunos e a Reitoria da Fundação Santo André têm manifestado solidariedade ao professor Marcelo Buzetto por acreditarem que no caso referente aos integrantes do MST não há qualquer envolvimento ou transgressão às leis. O professor Marcelo Buzetto está engajado em movimentos sociais e ao longo de sua docência tem conquistado o respeito de colegas e alunos. A Fundação Santo André respeita o trabalho e as convicções políticas e pessoais de cada um dos seus colaboradores mas não se manifesta sobre questões jurídicas ou políticas que envolvam as atividades de funcionários administrativos e professores.”

Procurada por vários dias pela reportagem, a advogada do professor não foi localizada.




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