O aquecimento da indústria automobilística resultou na abertura de postos de trabalho no Grande ABC em março. Das 2.272 vagas geradas no período, 803 foram criadas nas fábricas da região, sendo a maior parte, 773 delas, em São Bernardo, cidade em que há o predomínio das montadoras - Volkswagen, Ford, Mercedes Benz, Scania e Toyota.

Os dados são fornecidos pelo Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), do MTE (Ministério do Trabalho e Emprego), e consideram apenas as contratações com registro em carteira.

Embora o saldo do emprego na região sinalize o bom desempenho da atividade industrial, ele está muito aquém do obtido em março do ano passado, quando foram contratados 6.379 trabalhadores; recuo de 64,4%. O volume também é bastante inferior ao registrado no mesmo mês em 2008, quando a economia estava a todo vapor e foram oferecidas 5.177 oportunidades.

 "Isso confirma a previsão de crescimento bem menor do emprego no Grande ABC neste ano. A previsão é de que 2011 encerre com 27 mil postos, sendo que no ano passado fechamos com 51.087", aponta Dalmir Ribeiro, diretor do departamento de indicadores sociais e econômicos da Prefeitura de Santo André.

Para o diretor, o câmbio é o principal fator para a menor geração de emprego. "O real valorizado continua prejudicando as exportações e favorecendo as importações. Empresas fornecedoras de peças estão cada vez mais aderindo a itens importados como forma de sobrevivência."

O índice de nacionalização dessas companhias no Grande ABC era de 80%, porém, na atual conjuntura, passou para 65%. "Daqui a pouco elas não serão elegíveis para tomar empréstimo no BNDES", alerta.

Considerando o acumulado dos três primeiros meses do ano, a região abriu 9.549 vagas, sendo que no mesmo período de 2010 o saldo foi de 12.691 empregos, 25% a menos. Na comparação com o primeiro trimestre de 2008, o recuo se mantém, pois à época foram contratados 12.662.

Ribeiro lembra que a diferença entre os montantes seria menor se os saldos anteriores tivessem sido atualizados com a Rais (Relação Anual de Informações Sociais). Desde dezembro, os dados entregues com atraso passaram a ser agregados ao resultado do mês vigente. A ‘manobra estatística' acaba inflando os saldos.

Tradicionalmente, as informações não enviadas ao Caged até o dia 10 do mês seguinte eram computadas apenas na Rais.

No trimestre, por outro lado, quem lidera a abertura de postos são os serviços. Das 9.549 vagas, 5.120 foram geradas pelo segmento. No mês, das 2.272, 606 estavam no ramo. Na avaliação de Ribeiro, o setor cresceu muito nos últimos meses e, agora, já apresenta sinais de acomodação.

Sem contar o Carnaval, que neste ano caiu em março. "Perdeu-se um terço do mês por conta da data."

O ritmo mais lento de contratações já refletiu no saldo dos postos de Santo André, na qual o segmento é o que mais emprega. Foram geradas 259 oportunidades, - apenas seis em serviços.