Decepção. Esse certamente é o sentimento da maior parte da população do Grande ABC em relação à administração do governador Márcio França (PSB), que termina amanhã. Alçado ao posto em abril, na esteira da renúncia do titular Geraldo Alckmin (PSDB) para concorrer à Presidência da República, o socialista elevou a expectativa dos moradores das sete cidades, que estavam se sentindo abandonados pelo tucano, que inexplicavelmente virou as costas para a região após ter obtido por aqui uma das votações mais expressivas no ano de 2014, oportunidade em que obteve a reeleição já no primeiro turno.

Oito meses depois, todavia, o saldo da gestão de Márcio França com o Grande ABC é bastante negativo. Como mostra reportagem publicada hoje neste Diário, diversos programas e obras de responsabilidade do governo do Estado ficaram pelo caminho. E o que é pior: alguns foram travados por iniciativa do próprio Executivo paulista, como a descentralização da farmácia de alto custo do Hospital Mário Covas, em Santo André, e a instalação do Bom Prato em São Bernardo.

França perdeu oportunidade importante para marcar seu nome junto ao eleitorado das sete cidades, atitude que pode lhe custar bastante caro caso suas pretensões políticas estejam além da de disputar a Prefeitura de São Paulo daqui a dois anos, conforme já declarou algumas vezes à imprensa. O Grande ABC não tem nenhuma dívida com o governador.

Como bem observou o prefeito de São Bernardo, Orlando Morando (PSDB), a cidade “não terá nenhuma saudade” da administração de Márcio França. A sentença pode muito bem ser estendida às outras seis cidades da região, onde o atual governador esteve algumas vezes, sempre prometendo muito e executando pouco. Que João Doria, o tucano que o substituirá no Palácio dos Bandeirantes, saiba reconhecer as relevâncias econômica e social do Grande ABC, estreitando os laços com as sete cidades.