Memória Titulo COLUNA
Os inesquecíveis Natais da Usina Tamoio
Ademir Medici
19/12/2018 | 07:00
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“Tamoio não tinha só caipira como eu, não! Tinha matuto de talento, uai!!”
João de Deus Martinez, violeiro, cantador, animador cultural do Grande ABC.

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Ano sim, outro ano também, Leila e João de Deus Martinez vão à agência dos Correios e despacham cartões de Natal personalizados. Na verdade, não são cartões. São envelopes em tamanho oficial, com decalques coloridos e saudações no próprio envelope, por fora, como esta:

“Carteiro. Desejamos Feliz Natal e Bom Ano. Prá você e sua família. (a) Leila e João de Deus”.

Dentro do envelope, crônicas, lembranças, saudações. Até mesmo recortes de jornais.

Este ano, Leila e João de Deus expediram seus envelopes – passam de 300 – na agência do Parque Marajoara. E por que destacamos a frase que abre Memória? Porque o casal da Vila Valparaíso anexou uma poesia de José dos Santos, o Sauro, “que trabalhou também no corte de cana na Fazenda Tamoio e morava na ‘seção’ Colônia Andes. Sempre nos encontramos nos show de viola”.

Sauro reencontrou-se com João de Deus, amigos de juventude em Araraquara, onde fica a Usina Tamoio, e escreveu um belo poema perpetuando este encontro. Poema para cantar. Distantes de Araraquara, eles são quase vizinhos, um residindo em Santo André, outro no Ipiranga...
 

Brinquedos da fazenda
Lembranças: João de Deus
 

“Natal, Natal das crianças. Natal da noite de luz. Natal da estrela-guia. Natal do Menino Jesus.”
Composição de Blecaute, gravada por vários cantores, entre os quais Francisco Alves e Carlos Galhardo.

Ao ouvir essa música natalina, nós, crianças, começávamos a sonhar. O som da Rádio Nacional chegava à Usina Tamoio. A gente escutava junto ao nosso saudoso pai, à mãe, aos irmãos. A música representava a beleza do mês de dezembro, tempo de montar o presépio pra receber o Menino Jesus com seus bracinhos abertos na humilde manjedoura, sorrindo para Maria e José, seus divinos pais.

A visita dos três reis magos. A vaquinha. O burrinho e todos os que circundavam o Menino Deus, dando a ele as boas-vindas. E dizendo: “Bendito aquele que vem em nome do Senhor. Aleluia”.

Natal. Tempo de lembrar mais um pouco da Fazenda Tamoio. A fazenda, no fim de dezembro, distribuía presentes às crianças. Os brinquedos de madeira eram feitos na oficina, que ficava junto ao Grupo Escolar Dona Giovina Morganti.

Curioso é que os presentes eram feitos pelos adolescentes da usina, trabalho que começava em fevereiro para ficar tudo pronto no Natal. Ainda tenho no meu museu o último presente recebido, de 1952, um caminhãozinho de bombeiro com dois bombeirinhos acoplados.

As crianças de hoje admiram o caminhão de brinquedos e demais objetos. Abro a garagem de casa para elas. Tenho um tijolo de cada colônia da fazenda, que guardei quando a usina começou a ser desativada e, as casas, demolidas. Cada tijolo é um pedaço da minha vida.

A oficina dos presentes tinha como mestre o Sr. Taconelli. Ele e mais três carpinteiros ensinavam as crianças a cortar a madeira para o fabrico de caminhões, patinetes e outros brinquedos. A finalização era na oficina mecânica, dirigida pelo mestre Sr. Bertolini, que também era o maestro da banda musical.

Em dezembro era montada na escola a exposição dos trabalhos. Em forma de pirâmide, ficavam os caminhõezinhos; noutra pirâmide, as bonecas, estas feitas pelas meninas, instruídas pelas costureiras, entre as quais a esposa do Sr. Miguel Veltri, que era o Papai Noel. Aquelas roupinhas feitas pelos dedinhos das meninas após as aulas e que vestiam as lindas bonecas.

Por traz de tudo, o patrão, Helio Morganti, que sempre dizia: “Vamos fazer os presentes para as nossas crianças”.

O Papai Noel percorria toda a fazenda em cima de um caminhão ornamentado, com uma banda de música tocando bem alto. A molecada correndo atrás pra catar as balinhas que o Papai Noel ia jogando. A gente corria até cansar, mas sempre alegres e felizes.

Interação com Facebook
 

‘Filosofando com mestre Platão’

Na rua topo Platão. O velhinho, sem nenhum sofisma, está em ótima forma, física e mental.

Da crônica de Guido Fidelis publicada pelo Diário em 18 de dezembro de 1988. Confiram a íntegra no Facebook da Memória – acessem o endereço acima.

Diário há 30 anos

Domingo, 18 de dezembro de 1988 – ano 31, edição 6939

Política – “Utopias hoje nada valem”, diz o filósofo José Arthur Gianotti, em entrevista exclusiva aos jornalistas Alexandre Polesi e Reinaldo Azevedo.

Um dos mais persistentes mitos do pensamento político deste século (o século 20), Gianotti, ainda bastante forte na esquerda brasileira, destaca a noção utópica de que uma classe revolucionária conduzirá inevitavelmente o mundo a um reino novo de liberdade.

Da entrevista:
- Se apelar a chavões, o PT corre o risco de perder o trem e ficar parado na plataforma.
- O reino da liberdade não repousa sobre uma única classe ou grupo.
- Forma de vida no mundo moderno está hoje fazendo água por todos os lados.
- O populismo estraga porque é populismo, não importa se é de esquerda ou direita.
- A política tem que ser negociação para o futuro.

Indústria – Toro (Indústria e Comércio) comemora os 30 anos com novos lançamentos. Em janeiro de 1989 lançará a linha de impermeabilizantes para a construção civil, à base de asfalto.

Nota – A Toro foi fundada em São Bernardo por Waldemar Vaz. Há 30 anos mantinha indústria em Diadema, em área de 31 mil m².
Música – Coral Pirelli comemora 25 anos com recital de Natal no Tênis Clube de Santo André. Sérgio Truglio foi o seu primeiro regente; José Valdemir Barbosa é o regente atual (1988).
 

Em 19 de dezembro de...

1918 – Em estudos a criação de uma escola masculina para adultos em Paranapiacaba.
- A menina Alcina, filha de Roberto Martinelli, de Santo André, morre no Instituto Paulista, em São Paulo, onde se achava em tratamento. O corpo foi transportado para Santo André, o atual Cemitério da Saudade, na Vila Assunção.
- Mesmo em declínio, a gripe espanhola mata mais dez pessoas em São Paulo.
- A guerra acabou. Do noticiário do Estadão: o exército norte-americano em Coblença, na Alemanha; a viagem do rei da Itália a Paris.
1958 – Lançado o filme A Sina do Aventureiro, de José Mojica, o Zé do Caixão, no Cine Tangará, em Santo André.
1973 – Inaugurada a nova estação ferroviária de São Caetano.
 

Santos do Dia

- Urbano V
- Téia
- Dário
- Paulino

Municípios Paulistas

- Aniversariam hoje: Maracaí, elevado a município em 1924, na região de Santa Cruz do Rio Pardo; e Santa Lúcia, elevado a município em 1959, quando se separa de Araraquara.
 




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