São Paulo,
21 de dezembro de 1989
Meu caro Lula,
Gostaria de fazer chegar a você meu abraço fraterno e, com ele, palavras de companheiro, carregadas de um muito obrigado pela força, pela coragem, pela dedicação com que você lutou pela democracia e pelos interesses maiores de nossa luta.
Valeu a pena viver o tempo que já vivi para ver um filho do povo enfrentando a mentira, o engodo, a farsa, engajado na reivindicação de nosso país, “sem medo de ser feliz”.
Para você e Marisa, o carinho de Nita e meu.
Paulo Freire
São Paulo,
19 de setembro de 2002
Lula
Guardo e arquivo com o maior carinho e cuidado todos os manuscritos de Paulo: os tenho como preciosidades, que, na verdade, os são. Entendo, entretanto, que há exceções. Hoje estou lhe remetendo um original dele e me contentando com a cópia. A forma bonita, sincera e simples com que ele lhe escreveu esta carta (bilhete?) possivelmente querendo consolá-lo pela derrota de 1989, traz também a sua postura de humildade e profundo respeito por você: considerou não dever enviá-la. Poderia magoá-lo! Considerei que agora é chegada a hora de entregá-la: ainda há tempo dela, marcando a presença de Paulo, servir a sua campanha, se assim o desejar. Certamente uma coisa ele acrescentaria nesta carta datada de 21/12/1989, se a escrevesse hoje: “Valeu a pena viver o tempo que já vivi para ver um filho do povo governando para o povo também este maravilhoso país que é de todos e todas nós e não somente de alguns poucos.”
Com o meu abraço, Nita Freire.
P.S. Paulo nasceu em 19 de setembro de 1921, faria, portanto, em 2002, 81 anos de idade, de sabedoria e de compromisso. Nita
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