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Projeto é alternativa peregrina ao cinema nacional
Cássio Gomes Neves
Do Diário do Grande ABC
01/01/2001 | 19:27
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  Em 2000, o cinema brasileiro nao proclamou sua independência só no terreno da produçao, mas também deixou a sombra da saia de grandes distribuidoras e redes cinematográficas de exibiçao. Emblema desta deserçao é o Cinema BR em Movimento. Projeto que começou modesto, em junho, com a exibiçao inaugural de O Dia da Caça, de Alberto Graça, e que promete atuar este ano com potência máxima.

"Estamos estudando a possibilidade de correr pelo Brasil com uma lista que inclua de oito a dez filmes em 2001". A afirmaçao, confiante, é de Ricardo Favilla, diretor executivo da MPC (Meios de Produçao e Comunicaçao Ltda.), empresa que capitaneia o projeto, com quartel-general no Rio. O parâmetro positivo é conseqüência da boa receptividade que o BR em Movimento colecionou pelo território brasileiro em 2000. Além do filme dirigido por Graça, Castelo Rá-Tim-Bum, de Cao Hamburger, e O Rap do Pequeno Príncipe contra as Almas Sebosas, da dupla Marcelo Luna e Paulo Caldas, fizeram parte do programa, que ainda colocou dois curtas-metragens no projetor.

O projeto, idealizado pelo próprio Alberto Graça e patrocinado pela BR Distribuidora (do grupo Petrobras), consiste em exibir filmes brasileiros à margem das salas usuais e dos grandes complexos de cinema. Sai à procura de público na periferia, com o movimento carinhosamente batizado de Circuito Sem-Tela, e também na universidade. Dado esse perfil da platéia, nem é preciso dizer que reza a filosofia de levantar discussoes e debates entre os espectadores. Com entrada gratuita, as sessoes exigem filmes de boa qualidade técnica e que evitem experimentalismos. E, se retratar a realidade do país, melhor.

Favilla, ainda mais otimista, faz suas próprias consideraçoes sobre os dias que virao. "Em 2000, conseguimos manter um custo de R$ 3,17 por cabeça. A perspectiva para 2001 é de baixar pela metade esse valor." As expectativas sao recompensantes, tanto quanto os planos que envolvem a abrangência do projeto. "Estamos preparando uma estrutura para chegar a um número de municípios que beire os 600, em todos os 27 Estados brasileiros, adotando os cinco que ainda nao participavam." Ano passado, ficaram de fora Acre, Amapá, Rondônia, Roraima e Tocantins.

No Grande ABC - Na questao geográfica, o Grande ABC nao saiu perdendo. A regiao foi constantemente visitada na primeira ediçao, num roteiro que incluiu Sao Caetano, Diadema e Sao Bernardo, cidades cuja repercussao motiva o retorno do programa em 2001. "Em Sao Bernardo, durante uma sessao de O Rap do Pequeno Príncipe, havia mais de 300 pessoas vidradas no telao. É uma ótima média", ressalta Ariene Leite, produtora da Buriti Filmes, empresa que representa o Cinema BR em Movimento na Grande Sao Paulo.

O recorde paulista, no entanto, é detido por uma apresentaçao do mesmo filme em Cidade Tiradentes, que registrou público de 1,2 mil pessoas. Somados ao restante do Brasil, esses espectadores contribuíram para o total de 120 mil que acompanharam o Cinema BR em Movimento durante todo o ano que passou. "Com esse contingente, e em regioes periféricas às metrópoles, é comum encontrar gente que nunca pisou numa sala de cinema", observa Ariene.

Próximas atraçoes - Comprovante respeitável na questao da assiduidade, a matemática prossegue como incentivador. "Tivemos 300 sessoes, passando em 66 universidades, e contamos com cerca de 30 produtores culturais que nos representaram pelo país afora. O objetivo agora sao 100 universidades e 50 empresas agregadas ao projeto", entusiasma-se Favilla. Para cumprir a meta, será mantida a parceria entre a MPC e a BR Distribuidora. "E se, daqui a alguns anos, for rompido o patrocínio, temos um esquema todo montado para oferecer cotas de patrocínio a outras empresas."

A paquera da MPC sobre os filmes com potencial para integrar o Cinema BR em Movimento este ano está a plenos pulmoes. "Dentro de nossas pretensoes, a produçao ideal para entrar na lista é Bicho de Sete Cabeças, de Laís Bodansky. Estamos antenados ainda com outros como Tainá - Uma Aventura na Amazônia (de Tania Lamarca e Sérgio Bloch) e o documentário 2000 Nordestes (de David França Mendes e Vicente Amorim)", adianta Favilla, dando um panorama prévio do repertório que promete fazer de 2001 uma odisséia independente.




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