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Ford baixa estimativas de venda para este ano
Leone Farias
Enviado do Diário a Comandatuba
07/03/2004 | 22:59
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  Diante de um mercado interno fraco no primeiro bimestre, a Ford reviu para baixo suas estimativas para as vendas do setor neste ano, que a montadora projetava em 1,6 milhão de unidades. O presidente da Ford para o Brasil e América do Sul, Antonio Maciel Neto, afirmou que, considerando os meses de janeiro e fevereiro, calcula que 2004 fechará com 1,5 milhão de veículos comercializados.

Em fevereiro, quando o setor vendeu 104.785 unidades, a queda foi de 11,3% em relação ao mesmo mês do ano anterior. Com isso, no primeiro bimestre deste ano as fabricantes brasileiras de veículos comercializaram internamente 212.210 unidades, o que significou uma retração de 7,9% na comparação com mesmo período de 2003.

“Quando o ano começou, tínhamos uma perspectiva muito interessante de aceleração, estávamos preparados para uma indústria muito maior do que aconteceu em janeiro e fevereiro”, disse Maciel Neto. Se a previsão de 1,5 milhão para o mercado for confirmada, ainda assim, haverá crescimento de 5% em relação às vendas totais do setor (1,428 milhão) em 2003.

O presidente da Ford afirmou que outro fator que afetou a indústria foi a forte pressão de custos das commodities (itens com cotação internacional), como aço e borracha. Segundo ele, a pressão de custos pode ter contribuído para que o Banco Central não baixasse a taxa básica de juro (a Selic) na velocidade esperada pelo segmento automotivo.

Por conta da manutenção dos juros em 16,5% e desse cenário econômico, a perspectiva que a empresa trabalhava no final de 2003, de a economia nacional crescer 4,5% em 2004, também foi revisada, para 3% a 3,5%. “A economia não está 4x4”, disse Maciel. Ele fez uma referência ao EcoSport 4WD (tração 4x4), versão do utilitário esportivo que foi lançada neste fim de semana.

Em relação aos preços dos insumos, Maciel Neto afirmou que em 24 meses o aço, por exemplo, teve elevação de 75% e há siderúrgicas – ele citou a Usiminas – que divulgaram que farão novos aumentos de 10% a 15% até junho.

Ele entende que o governo precisaria mexer na alíquota do II (Imposto de Importação) do aço para oferecer uma forma de evitar essa pressão de custos, já que calcula que a alíquota real do II sobre o insumo, levando em conta custos dos portos e frete, chega a 25%. “A única forma de atacar isso seria com a alíquota de importação. Hoje se for importar é 6% a 8% mais caro do comprar localmente”.

Ele disse que em todo o ano passado a Ford elevou seus preços em 5,4% e neste início de ano já fez aumento de 5,4%. A elevação neste ano ocorreu em função da alta dos insumos e também do fim do desconto do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados).

O câmbio também não tem ajudado as exportações para um dos principais mercados da indústria automotiva, o México. “Nos últimos seis meses com a mudança de câmbio, a valorização do real frente ao dólar combinada com a desvalorização do peso mexicano, houve um aumento de 10% a 12% no custo de importação do México”, disse. Além da nova versão do EcoSport, produzido em Camaçari (BA), a montadora quer lançar ainda este ano o Fiesta Sedã e a versão bicombustível do veículo.

O repórter viajou a convite da Ford do Brasil.




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