“É uma releitura, dentro do ambiente atual, de um grande momento do teatro grego. O ponto de partida são os movimentos populares de resistência”, afirma o diretor. Ética, justiça social e liberdade são os motes. Algumas mulheres e um garoto são os sobreviventes da destruição de um assentamento sem-terra. O contexto original é o da extinção de Tróia pelos gregos.

As mulheres, que esperam ser levadas embora, armam uma estratégia a fim de deixar alguém para contar sua história – e assim não perecerem. Do outro lado estão os donos do poder. Há dois planos cênicos, o da terra e o do lixo – este, elevado e tratado como metáfora dos dejetos humanos (não os materiais). “Jogos de poder, traição e conquista proliferam no plano do lixo. Embaixo há o que resulta disso”, diz Fabiano. No patamar inferior está a terra arrasada.

A montagem, portanto, se coloca como um estímulo à atitude e se insurge contra o conformismo. Isso não soa como um anacronismo em uma época em que tanto se fala em fim das ideologias? “Estamos batalhando por um teatro não-convencional e não-comercial. É um trabalho relacionado à mudança de comportamento, à transformação do indivíduo. Mas não carregamos uma bandeira partidária”, afirma o diretor.