Dois veículos que transportavam mulheres, crianças e idosos deixaram a Chechênia e entraram na Inguchetia no início da tarde, sob a chuva.

Aza, uma das primeiras pessoas autorizadas a entrar na Inguchetia, disse que "milhares de pessoas esperam do lado checheno para poder se refugiar na Inguchetia". "A fila de carros é de uns 15 km. Sao muitos os que passaram vários dias dentro dos carros, na esperança de serem os primeiros a aproveitar a reabertura da fronteira", acrescentou.

A entrada dos refugiados se realiza lentamente devido aos controles impostos pelos militares russos e à desordem que reina do lado checheno. "Estamos dispostos a deixar passar os refugiados, mas é necessário fazê-lo de forma ordenada", declarou o coronel Arkady Krimsky. Ele acrescentou que a fronteira permanecerá aberta por seis dias e os refugiados serao submetidos a checagem de documentos.

Cerca de 5 mil pessoas estao apinhadas do lado inguchétio da fronteira; algumas se preparam para voltar para a Chechênia e buscar suas famílias, outras esperam aglomerados do lado checheno.

Quando a fronteira foi fechada em 23 de outubro passado, os militares russos afirmaram que "terroristas" chechenos podiam se infiltrar entre os refugiados dos combates na Chechênia.

Das 192 mil pessoas que fugiram da Chechênia desde o início dos bombardeios russos, em 5 de setembro, cerca de 173 mil foram recebidos pela Inguchetia, que está com grandes dificuldades para enfrentar o brutal crescimento - de 50% - de sua populaçao (340 mil habitantes).

As agências russas indicaram que dois corredores humanitários foram abertos hoje para quem quer fugir das zonas de combates, um para o Daguestao e outro para a regiao de Stavropol (leste e norte da Chechênia, respectivamente).

Ataques- A apenas 10 quilômetros da fronteira com a Inguchétia, a artilharia russa atacou nesta segunda-feira intensamente a aldeia chechena de Bamut, que foi alvo de ofensivas russas por várias semanas.

Os avioes e a artilharia russos também atacaram nesta segunda-feira Grozny e várias aldeias. Nesse domingo à noite, os avioes russos bombardearam uma fonte de água perto da aldeia de Chernorechiye, matando 10 civis, segundo Ruslan Magomedov, assessor do presidente checheno Aslan Masjadov.

Magomedov disse que os civis haviam ido à fonte por causa da chegada de mantimentos que se interrompeu pouco depois do início dos combates.

O primeiro-ministro russo, Vladimir Putin, declarou nesta segunda-feira que a Rússia nao tem intençao de retomar o controle da Chechênia pela força, mas tampouco negociará com os rebeldes islâmicos da regiao.