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Maluf comprou ouro com desvios, aponta PF
12/09/2005 | 23:42
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Virou ouro uma parte dos recursos que o ex-prefeito Paulo Maluf (PP) teria desviado dos cofres públicos municipais e remetido para a conta Chanani, operada nos EUA pelo doleiro Vivaldo Alves, o Birigüi – principal acusador do político, que está preso na PF (Polícia Federal) desde a madrugada de sábado.

Investigação conjunta da PF e do MP (Ministério Público) de São Paulo indica que pelo menos 349 quilos do metal foram adquiridos entre 14 e 20 de junho de 1998 com cheques de duas empresas fantasmas, subcontratadas de empreiteiras que formaram consórcio para construção da avenida Água Espraiada.

Aberta em 1997, a Chanani movimentou US$ 161 milhões no Safra National Bank de Nova York. À PF, Birigüi confessou ter sido o operador da conta e que o dinheiro foi usado para cobrir despesas dos Maluf nos EUA. O MP suspeita que US$ 5,88 milhões saíram da Chanani para pagar dívida de Maluf com o publicitário Duda Mendonça.

A Promotoria de Justiça da Cidadania, braço do MP paulista que rastreia casos de improbidade e enriquecimento ilícito de servidores, descobriu que outro doleiro teve a missão de transformar em ouro uma parte do montante supostamente desviado por meio de um esquema de propinas montado a partir do superfaturamento da avenida.

Laudo subscrito por peritos e contadores do MP indicou sobrepreço de R$ 200 milhões na Água Espraiada. O ex-diretor-financeiro de uma das empreiteiras denunciou que Maluf teria ficado com a maior parcela subtraída do Tesouro. O ex-prefeito nega irregularidades na obra que marcou sua gestão. Afirma que não houve propinas na obra.

O doleiro que adquiriu 1,4 mil barras de ouro será interrogado na próxima semana. Ele operou para o esquema PC Farias, tesoureiro de campanha do ex-presidente Fernando Collor. Há seis meses a PF prendeu o doleiro, condenado a 10 anos de cadeia por gestão fraudulenta de instituição financeira.

Segundo o MP, o ouro da propina foi transformado em dólares numa segunda etapa da operação. O destino do dinheiro foi a conta Chanani. Documentos bancários que a Promotoria Distrital de Manhattan cedeu às autoridades brasileira mostram que a Chanani cobriu gastos de dois filhos de Maluf, Flávio e Otávio.

Os cheques usados para pagamento do ouro foram emitidos pelas empresas Fomento Engenharia e Construções e Planicampo Terraplanagem. A Promotoria da Cidadania sustenta que a Fomento e a Planicampo são fantasmas – sem atividade oficial, criadas só emitir notas e realizar o fluxo financeiro da propina.

A perícia do MP identificou 15 subcontas abertas em moedas diferentes (franco suíço, dólar americano, marco alemão e iene japonês) em nome da Durant International Corporation, offshore que teria Maluf como principal beneficiário. Aporte de US$ 27 milhões na conta Chanani foi feito pela Durant, segundo a promotoria de Nova York.

Os promotores constataram que, em apenas 6 dias, entre 14 e 20 de junho de 1998, R$ 4,5 milhões que teriam sido desviados do Tesouro paulistano na gestão Maluf foram usados para compra de ouro.




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