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Laudo do IC aponta falta de segurança no Circo Vostok
Do Diário do Grande ABC
19/04/2000 | 17:30
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Laudo da perícia técnica do Instituto de Criminalística (IC) do Recife, divulgado nesta quarta-feira, aponta falta de segurança e instalaçoes inadequadas no Circo Vostok, montado na área externa do Shopping Guararapes, no município metropolitano de Jaboatao dos Guararapes (PE). A perícia foi realizada na noite do dia 9, quando o menino José Miguel Fonseca dos Santos Júnior, de seis anos, foi atacado e morto por um leao durante intervalo do espetáculo.

De acordo com o diretor do IC, Paulo Tadeu Vasconcelos, houve "total" falta de segurança na área do picadeiro, onde nao havia ninguém para orientar e impedir que as pessoas passassem perto da jaula.

Os peritos apontaram cinco pontos falhos: ausência de placas de advertência, ausência de cerca entre a jaula e o público, espaçamento entre as barras horizontais da jaula de 1,10 metros quando o ideal seria 50 centímetros, espaçamento entre os varoes verticais de 10 centímetros quando esta distância deveria ser de 3,5 centímetros e amarraçoes precárias das partes que formavam o túnel que ligava a jaula-carro à jaula no picadeiro. Estas amarraçoes foram feitas com cordas e fio de nylon e nao com material metálico.

Paulo Tadeu nao quis comentar a culpabilidade do circo diante do resultado do laudo. Mas observou que "contra provas nao há argumento". Ele encaminhou o laudo ao delegado Washington Luiz, que preside o inquérito policial do caso que deverá ser concluído na próxima semana. Por enquanto, apenas o domador do circo, Claudinei Pires da Rocha, autuado em flagrante foi indiciado. Ele pagou fiança e responde ao inquérito em liberdade. O circo foi interditado, mas recorreu à Justiça e voltou a funcionar no sábado.

Acidente - Juninho, como era chamado o menino, o pai José Miguel Fonseca dos Santos, a irma Mirela, 3 anos, e o primo Alisson Pablo, 10, voltavam da parte de trás do picadeiro - onde foram fazer fotos com pôneis que haviam se apresentado - durante intervalo do espetáculo, às 19 horas. Para chegar às suas cadeiras, passaram ao lado da jaula que havia sido recém-instalada na arena e se encontrava vazia. De repente, surgiu um leao que pegou Juninho pelo braço e conseguiu puxá-lo para dentro da jaula, envergando os varoes de ferro da grade. Um segundo leao atacou em seguida. Ele teve o pescoço quebrado, o braço direito decepado e as vísceras expostas.

Para Paulo Tadeu, se a distância entre os varoes horizontais da jaula fosse menor, os varoes verticais nao teriam envergado e a criança poderia ter sido salva. "No máximo o garoto poderia ter perdido uma mao ou um braço", afirmou. O advogado da família do garoto, Jaime Menezes, ainda nao entrou com a anunciada açao indenizatória contra o Circo Vostok e o Shopping Guararapes. "Estamos juntando elementos e documentos" afirmou. Ele pretende pedir "nao menos de R$ 2 milhoes" pelas perdas materiais e morais causadas com a morte da criança.




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