Política Titulo Levantamento
Democracia não é melhor modelo entre três a cada dez moradores da região

Pesquisa da USCS indica que 27,2% dos entrevistados põem em xeque atual sistema de governo

Fábio Martins
Do Diário do Grande ABC
27/10/2018 | 07:02
Compartilhar notícia
Ricardo Trida/Banco de Dados


Pesquisa realizada pela USCS (Universidade Municipal de São Caetano) aponta que três em cada dez moradores do Grande ABC discordam que a democracia seja o melhor sistema de governo. Na sondagem, o entrevistador menciona, dentro do questionário, que o modelo em vigor no Brasil tem alguns problemas, mas que é mais adequado do que outras fórmulas de governos. De acordo com o estudo da instituição, 27,2% dos munícipes da região colocam em xeque a atual forma, em vigência desde 1985, com a queda da ditadura militar.

Deste índice, 16,2% “discordam muito” da afirmação referente à democracia e 11% “discordam um pouco”. O maior percentual de descrentes com o modelo está entre as mulheres: 28,5%. No quesito de faixas de idade, a rejeição mais alta fica entre 18 e 29 anos (28,4%) e aqueles de 40 a 49 anos (28,6%). Os moradores que nem concordam nem discordam registraram índice de 5,4%. Por outro lado, são 62,1% os entrevistados que ainda concordam que o atual sistema continua o adequado para o País. Apenas 5,3% dos munícipes não souberam responder sobre o tema.

Pró-reitor da USCS e coordenador da pesquisa, Leandro Prearo considerou que os índices em torno do questionário sobre a democracia chamam a atenção. Para ele, o percentual de descrentes “é alarmante”. “Número é alto, até porque faz relativamente pouco tempo que o País saiu do totalitarismo. É crise de legitimidade, há desconfiança. Isso mostra desgaste da representação política, e vem acontecendo no mundo, assim como ocorreu no passado em parte da Europa, a exemplo da Alemanha, o que é muito perigoso, quando se trouxe situação diferente do que era democracia. É crise que está posta”, disse.

A percepção dos moradores da região sobre a crise econômica nacional também entrou no questionário. A descrença é do mesmo modo perceptível neste aspecto. No quesito, 79% dos entrevistados acreditam que a instabilidade nas finanças do País “deve demorar para acabar e o Brasil não vai voltar a crescer tão cedo”. Somente 1,1% confia que “já acabou e o Brasil já está crescendo novamente”. Neste ponto, 16% avaliam que “deve acabar em breve e o País já vai voltar a crescer nos próximos meses”. Os que não souberam responder somaram 3,9%.

Os mais céticos quanto à melhora no cenário econômico são os homens – 78,5%. Na faixa de idade, aqueles entre 50 e 59 anos estão no grupo do maior quadro pessimista, com 82%. Curiosamente, para as pessoas com 60 anos ou mais esse índice de descrença cai para 73,5%.

Outro ponto abordado no estudo foi sobre orgulho de ser brasileiro. O resultado é de divisão. São 52,1% dos entrevistados que responderam ter mais orgulho do que vergonha. Os homens correspondem a 56,2% neste quesito. Em contrapartida, 45,5% dos munícipes têm mais vergonha do que orgulho. O público feminino representa 48,6% dentro deste critério. Dos questionados, 2,4% não souberam responder. Aqueles com 60 anos ou mais estão no maior patamar entre os que possuem mais orgulho (59,7%). As pessoas com idade entre 50 e 59 anos, por sua vez, apresentam o maior índice de mais vergonha do que orgulho: 51,4%.

A sondagem foi realizada nas sete cidades da região e abordou 1.140 pessoas com 18 anos ou mais. As entrevistas aconteceram entre os dias 15 de setembro e 19 de outubro, na residência do munícipe, utilizando questionário.

CONFIANÇA
O grau de confiança nas instituições brasileiras foi inserido no quadro. Foram selecionadas 11 para computar no questionário. Os partidos políticos amargam a última posição: 84,7% dos entrevistados afirmaram que “não confiam”. Apenas 0,6% disse que “confia muito”, e 14,3% pontuaram que “confiam um pouco”. Presidente da República e Congresso Nacional receberam 81,2% e 76,8% de descrédito, respectivamente. Em seguida, surgem STF (Supremo Tribunal Federal), com 65,9%, Justiça Eleitoral, com 61,7%, e Poder Judiciário, com 53,8%.

As universidades, por outro lado, têm a menor rejeição, no topo do rol: 17,3%. Para os entrevistados, 38,5% “confiam muito” e 43,1% confiam um pouco” – 81,6% de confiabilidade. A lista de credibilidade segue com as Forças Armadas (71,8% de segurança), grandes empresas (71,8% de confiança), Ministério Público (48% de crédito) e imprensa (45,1% de confiabilidade).  




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;