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Amiga pelos olhos do gênio

Romance conta história de Cecília, ‘a dama’ da obra de Da Vinci

Miriam Gimenes
07/10/2018 | 07:52
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O ano era 1485 quando Leonardo da Vinci pintou uma de suas mais famosas obras, a Dama com Arminho. Nela, uma jovem segura o animal e vira o rosto da sombra para a luz, atraída, provavelmente, para algo que está além do quadro. O original está exposto no Museu Czartoryski, na cidade polonesa de Cracóvia. E foi baseado nesta pintura que o escritor espanhol Antonio Cavanillas de Blas escreveu o romance A Amiga de Leonardo da Vinci (Editora Contexto, 256 páginas, R$ 49,90), recém-lançado.

Na sua primeira publicação traduzida no Brasil, o autor conta a história da jovem Cecília Gallerani, uma mulher à frente de seu tempo – que não se curvou à imposição de seu pai em casá-la com um homem muito mais velho e de alta linhagem – e que, por conta de suas habilidades como poeta, conquistou a amizade do pintor renascentista. “Fiquei impressionado com o enigma de sua figura na pintura imortal de Da Vinci, hoje no museu de Cracóvia, onde fui contemplar e estudar há vários anos. Cecilia era uma mulher livre e de boa família, filha de um embaixador da república de Siena”, explica o autor, que, além de contar sobre essa jovem, remonta a da Europa em paralelo na publicação.

Na história, o governador de Lombardia e futuro Duque de Milão, Ludovico Sforza, ficou deslumbrado com a jovem e quando a viu não hesitou em convidá-la a fazer parte de sua corte em Milão. Não demorou para virarem amantes e, a pedido de Sforza, Da Vinci, em sua primeira visita a Milão, pintou a amada do duque, que na tela abraça Bimbo, seu arminho de estimação. “Ela (Cecília) ficou impressionada com a obra de Leonardo, que conheceu na corte florentina de Lorenzo, o Magnífico, e chegou a ter um relacionamento com ele quase como neta e avô”, acrescenta o autor. Segundo ele, era uma época na Europa em que “os amores proibidos eram normais e a homossexualidade era contemplada com indiferença. Rara era a família em que um filho bastardo não engrossava seu tamanho.”

Tanto é que, após a conclusão desta obra de arte, o mecenas terminou o romance com a jovem, que teve um filho bastardo dele, e se casou com Beatriz d’Este, por interesses políticos. Cecília se casou mais tarde, teve mais quatro filhos, e morreu em 1536, no Castelo de São João da Cruz, perto de Cremona.

Há quem compare o grau de importância desta obra à famosa Mona Lisa (1503). Para começar, não se sabe quem realmente é ‘La Gioconda’. Eu mantenho, pelas roupas verdes características dos Sforza, que foi Isabel de Aragón, filha do rei de Nápoles, duquesa de Milão, como explico no romance. Além disso, existem duas Giocondas, uma em Paris (Louvre) e uma em Madrid (Prado). Para mim, a Dama de Arminho é muito superior em termos de pintura”, analisa Blas, um apaixonado pela obra do italiano, tanto que seu lugar preferido em Milão é o convento de Santa María delle Grazie, famosa pela pintura A Última Ceia (1495-1498), de Da Vinci. 




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