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Virgílio acusa Dirceu de criar banco de dados paralelo à CPI
16/09/2004 | 23:16
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O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio Neto (AM), responsabilizou na quinta-feira o ministro da Casa Civil, José Dirceu, pela criação de um banco de dados paralelo à CPI do Banestado, com registros de remessas de dólares e saques feitos no exterior por políticos e empresários. "Isso é a cara do Zé Dirceu, que usa métodos de Gestapo para perseguir seus adversários políticos", acusou o líder, indignado com o fato de o sobrenome do senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) ter sido alvo de investigações envolvendo a quebra irregular de sigilo.

O líder do PFL no Senado, José Agripino (RN), diz que o mais importante agora é saber quem pediu as quebras de sigilo, para onde os dados sigilosos foram enviados e quem está de posse destas informações. "Esse banco de dados não caiu do céu. Se respondermos estas três perguntas, chegaremos aos chantagistas", diz Agripino. Segundo ele, o PFL vai exigir esclarecimentos e, "se chegar à conclusão de que o governo está nisso, vai às últimas conseqüências para punir os responsáveis".

"O problema é que o relator desta CPI é o ministro José Dirceu e este episódio mostra que eles, do PT, não têm nenhum compromisso com a democracia", completa o presidente da Comissão, senador Antero Paes Barros (MT). Tanto ele quanto Arthur Virgílio consideram que a questão de fundo é política e envolve uma velha disputa travada nos bastidores do governo Luiz Inácio Lula da Silva entre o ministro Dirceu e seu colega da Fazenda, Antonio Palocci.

O líder do PSDB diz que Dirceu tem "raiva do Tasso", mas não porque este tenha tentado desestabilizar o pilar do governo Lula, que é o ministro da Fazenda. "A raiva dele (Dirceu) é porque Tasso ousou subir à tribuna para defender alguém (Palocci) que supostamente estava atrapalhando os delírios de poder deste cidadão (Dirceu)", atacou Virgílio mais uma vez.

Acusações - Mas os tucanos não estão sozinhos nos ataques ao ministro da Casa Civil. O vice-presidente nacional do PFL, senador José Jorge (PE), é outro que atribui a criação do banco de dados paralelo à CPI e o vazamento de informações sigilosas a setores do governo. "Aparentemente isso é coisa do governo. O relator é um homem do José Dirceu, esse ministro que usa os métodos mais ortodoxos de cooptação no Congresso", disse o pefelista.

Diante da notícia de que os sigilos quebrados viraram arma de chantagem no Congresso, levantando suspeitas sobre o conjunto do Parlamento, o senador José Jorge defende a tese de que o melhor caminho agora é divulgar todos os dados obtidos.

Até mesmo representantes do PT, partido que indicou José Mentor (SP) para a relatoria da CPI do Banestado, dizem que o resultado das investigações está comprometido pela briga entre o presidente da CPI, senador Antero de Barros (MT) e o relator. "Com essa briga, se houver resultado, sua confiabilidade será questionada", observa o deputado Luiz Eduardo Greenhalg (PT-SP). Greenhalgh é relator na Comissão de Constituição e Justiça de uma consulta feita pela Mesa Diretora da Câmara sobre a guarda dos documentos sigilosos produzidos por CPIs que não concluíram seus trabalhos.




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