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Terapia com enxerto de neurônios de feto tem sucesso
Do Diário do Grande ABC
30/11/2000 | 13:05
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Uma equipe médica francesa conseguiu melhorar o estado de três pacientes que sofrem da Doença de Huntington, uma grave enfermidade de origem genética, graças a enxertos de neurônios extraídos de fetos.

Cinco pacientes foram tratados com estes enxertos e três reagiram aos mesmos. 'O quarto registrou uma melhora passageira e o quinto continuou piorando', precisou o médico Marc Peschanski, do instituto de pesquisa médica francês INSERM e principal autor do trabalho, cujos resultados serao publicados daqui a 10 dias na revista médica britânica The Lancet.

Os pacientes receberam os primeiros enxertos há quatro anos. Há três anos, registram uma melhora visível em suas capacidades intelectuais e motoras. Podem realizar atividades para as quais estavam incapacitados há anos, como andar de bicicleta, nadar ou tocar violao. Um deles trabalha em meio expediente.

As células enxertadas, 'muito jovens e muito plásticas', foram extraídas de fetos procedentes de abortos legais. Depois, foram reinjetadas na parte do cérebro dos pacientes que se degenera bloqueando o percurso normal das células e provocando a doença.

As células neurônicas foram enxertadas em cinco locais distintos. Cada uma das cirurgias, realizadas no hospital Henri Mondor de Creteil (periferia de Paris), levou de cinco a seis horas.

Em agosto de 1998, Peschanski havia indicado que estes 'primeiros enxertos experimentais de neurônios de feto em seres humanos haviam começado a ser realizados no fim de 1966'. Os enxertos foram realizados 'em perfeita conformidade com a lei' e tiveram o aval do comitê nacional francês de ética, assinalou.

A Doença de Huntington é uma enfermidade genética que produz demência e a morte do paciente em um período de 10 a 20 anos. Ela se caracteriza por problemas motores e intelectuais, que impedem ao paciente realizar vários movimentos, como abrir uma porta ou fechar uma torneira.

Até o momento, nao havia terapia para tratar a doença. Hoje, a esperança é real, mas limitada à Doença de Huntington e ao Mal de Parkinson, casos em que os neurologistas tratam células muito localizadas e homogêneas, que constituem um alvo claro. Os enxertos de células nao parecem ser aplicáveis a outras doenças do cérebro, como a esclerose e o Mal de Alzheimer, nas quais o problema é muito mais espalhado. 'Para tratar bem destas, seria necessário mudar todo o cérebro ou a medula espinhal', explicou Peschanski.




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