Política Titulo LAVA JATO
Delação de Palocci cita Luiz Marinho
Daniel Tossato
02/10/2018 | 07:09
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Orlando Filho/Arquivo DGABC


O ex-prefeito de São Bernardo Luiz Marinho (PT) foi citado em delação premiada de Antonio Palocci, que atuou como ministro da Fazenda na gestão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e como titular da Casa Civil de Dilma Rousseff. No relato, Palocci aponta também que as campanhas de 2010 e 2014 do PT custaram R$ 1,4 bilhão, cerca de R$ 900 milhões a mais do declarado oficialmente pelo partido. O juiz Sérgio Moro levantou ontem sigilo da colaboração do ex-ministro, no âmbito da Operação Lava Jato.

No trecho em que o ex-chefe do Executivo de São Bernardo e atual candidato do PT ao governo de São Paulo aparece, Palocci deixa a entender que Wilson Santarosa, que comandava a gerência executiva de comunicação executiva institucional da Petrobras e que praticava diversas ilicitudes no cargo, foi indicado ao cargo pela aproximação que tinha com o ex-presidente Lula, Marinho e Jacó Bittar, sindicalista da região de Campinas.

Palocci revelou que empresas contratadas para ações de marketing e propaganda destinavam cerca de 3% dos valores dos contratos ao PT através de tesoureiros e que Santarosa atuava para reforçar os cofres do partido, não para enriquecimento próprio.

Ao detalhar como funcionava a distribuição de cargos em empresas estatais e na direção da Petrobras, o ex-ministro afirmou que Lula participava de reuniões, até dentro do Palácio da Alvorada, onde indicou ao então presidente da petroleira estatal, José Sérgio Gabrielli, a construção de 40 sondas. A produção dos equipamentos seria utilizada para a obtenção de recursos para a campanha de Dilma à Presidência da República.

Em outro ponto da colaboração premiada à PF (Polícia Federal), Palocci informou que, das 1.000 medidas provisórias editadas nos quatro governos do PT, ao menos 900 apresentaram algum tipo de emendas “exóticas em propina”.
Sobre as eleições, Palocci garantiu que a campanha presidencial de Dilma de 2010 demandou R$ 600 milhões. A de 2014, R$ 800 milhões. À Justiça Eleitoral, Dilma declarou ter gasto R$ 153,1 milhões em 2010 e R$ 350,5 milhões quatro anos depois.

Condenado a 12 de anos de prisão, Palocci está preso desde setembro de 2016 na Superintendência da PF em Curitiba. Ele responde pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Ele é réu em outra ação penal, que investiga supostas irregularidades na compra de terreno onde seria a nova sede do Instituto Lula.

O PT, por meio de nota, argumentou que a delação premiada de Palocci foi recusada pelo Ministério Público por falta de provas. A sigla ainda sustenta que Moro atuou politicamente por levantar o sigilo da colaboração faltando apenas seis dias para a eleição no primeiro turno. “É uma tentativa de bala de prata.”

Marinho disse conhecer Santarosa apenas como militante sindical dos petroleiros. “Sobre a delação de Palocci, afirmo que nunca indiquei Santarosa a cargo na Petrobras ou a qualquer outro.”  




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