Política Titulo Editorial
É impossível justificar
Do Diário do Grande ABC
05/08/2018 | 10:13
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O desemprego empurra para a rede pública de Saúde milhares de moradores do Grande ABC que já não podem arcar com os altos custos dos planos privados, e a possibilidade de que a demanda cresça com o passar dos dias não deve ser descartada. Até porque, a renitente crise econômica não dá sinais de que vá arrefecer tão já, o que implica em novas levas de trabalhadores sem ocupação e salário.

Reportagem de hoje deste Diário mostra que o número de exames realizados no Hospital Estadual Mário Covas, em Santo André, aumentou 112% nos últimos sete anos, passando de 464 mil em 2010 para 985 mil em 2017. Não há como negar que a explosão nos números se seguiu à crise iniciada em 2007 e 2008 nos Estados Unidos e que se alastrou pelo mundo. 

O então presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), na tentativa de mascarar os efeitos por aqui, disse que era apenas uma marolinha. Infelizmente, foi tsunami que assolou o Brasil, atingiu o setor produtivo e ceifou postos de trabalho nos mais remotos cantos do País. Os estragos estão aí. 

Mas isso não justifica o fato de o governo do Estado ter destinado R$ 203,2 milhões para o custeio deste ano do Mário Covas, um aumento de 5,83% na comparação com o repasse de 2017, de R$ 192 milhões. O índice de correção ficou acima da inflação do período, de 2,9%, mas foi o menor aplicado desde 2015 (0,64%) e bem distante dos 16,42% de 2014. Por sinal, ano de eleição, como agora. Aliás, não pode nem usar como justificativa que houve queda na receita, porque o orçamento para o exercício de 2018 do Palácio dos Bandeirantes é o maior da história, com R$ 216,9 bilhões, R$ 10,5 bilhões a mais do que no ano passado.

Ou seja, o governo na verdade deveria ter aplicado reajuste maior, e assim aumentar o volume de recursos repassados ao complexo hospitalar, de modo a garantir o atendimento de demanda anual que já beira a 1 milhão de exames. Afinal, quanto mais pessoas dependem da rede pública, mais dinheiro os governos de plantão devem destinar às unidades sob sua responsabilidade. Isso não se discute, se executa.




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