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Beira-Mar deve chegar ao Brasil no ínício da semana
Do Diário OnLine
22/04/2001 | 20:40
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O ministro das Relações Exteriores, Celso Lafer, afirmou neste domingo que o traficante Luiz Fernando da Cosa, o Fernandinho Beira-Mar, preso neste sábado, na Colômbia, deve ser deportado dentro de 24 horas. Lafer negocia com o governo daquele país a expulsão do traficante.

Neste domingo, o brasileiro negou que tenha algum envolvimento com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), como sustentam as autoridades. “Eu não tenho vínculo nenhum com as Farc; elas não me dão proteção, nunca me deram”, afirmou. Questionado sobre o que estaria fazendo na Colômbia, Beira-Mar disse que trabalhava com gado e que seria proprietário de alguns imóveis no país.

Beira-Mar foi detido pelo Exército colombiano em uma floresta do Estado de Vichada, próximo à fronteira com a Venezuela, após um pouso forçado de um avião em que viajava. Ele está com parte do braço direito gangrenado e com dois dedos amputados. Acredita-se que os ferimentos aconteceram durante confronto com o exército daquele país, há cerca de um mês.

O governo brasileiro quer que Beira-Mar seja expulso daquele país porque o processo de extradição seria muito longo. De acordo com o ministro da Justiça, José Gregori, a extradição é mais demorada porque envolve o Judiciário. Para ele, é normal que o governo colombiano queira interrogar Beira-Mar, mas acredita que depois que essas providências forem tomadas, o traficante deve voltar ao Brasil. “Até agora a Colômbia revelou boa vontade no sentido de extradição ou expulsão”, revelou.

O secretário de Segurança do Rio de Janeiro, Josias Quintal, já está na Colômbia apelando para a possibilidade de expulsão. Uma comitiva da Polícia Federal também está naquele país para trazer Beira-Mar assim que a Colômbia o liberar.

O traficante, que está sendo transportado para Bogotá, deve ser interrogado por autoridades brasileiras assim que chegar à capital.

Disputa — Os Estados Unidos também têm interesse na extradição de Fernandinho Beira-Mar porque apóia o combate ao narcotráfico no país onde ele foi preso por meio do Plano Colômbia. O traficante, então, pode se tornar motivo de disputa entre Brasil e EUA.

O chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro, Álvaro Lins, afirmou que a disputa será diplomática e que também há outros países interessados na extradição. Mas, de acordo com ele, a Colômbia entende que o interesse do Brasil suplanta o dos outros governos.

Beira-Mar, 34 anos, foi condenado a 30 anos de prisão por tráfico de drogas e está foragido desde 1996, quando fugiu de um presídio de Belo Horizonte. Ele teria envolvimento com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), a maior e mais antiga organização rebelde do país, com cerca de 16,5 mil militantes.

Acredita-se que Beira-Mar esteja vivendo na Colômbia há cerca de um ano. O exército daquele país acusa o traficante de trocar armas por cocaína com as Farc. Em fevereiro, o maior parceiro do traficante, Nei Machado, foi preso também na Colômbia. A mulher de Beira-Mar, Jacqueline Alcântara de Morais, foi detida pelo exército colombiano em março, em Bogotá.




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