A participação do governador do Estado, Geraldo Alckmin (PSDB), e do o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na eleição municipal no Grande ABC é aguardada com ansiedade por líderes dos partidos. A atuação dos principais expoentes das legendas pode ser decisiva para os rumos da campanha. Por isso, a presença dos dois nos palanques é o trunfo dos principais candidatos a prefeito da região.

Em 2006, ambos se enfrentaram na eleição presidencial. Alckmin largou na frente nas pesquisas eleitorais, mas com 39,9 milhões de votos (41,64%) contra 46, 6 milhões (48,61%) do petista, a disputa foi para o segundo turno, no qual Lula foi reeleito com 58,2 milhões (60,83%) de votos, derrotando o tucano, que conquistou 37,5 milhões (39,17%).

À frente do Estado mais rico do País, Alckmin tem participado timidamente das decisões políticas para o pleito, mas quando intervém, é decisivo. O governador teve papel preponderante para a definição da aliança entre PSDB e PPS em São Bernardo. Com o aval do cacique, o vereador Admir Ferro (PSDB) foi indicado para ser vice na chapa encabeçada pelo deputado estadual Alex Manente (PPS), pré-candidato ao Paço.

Em contrapartida, o comandante do Palácio dos Bandeirantes evita comentar se em Santo André o partido terá candidatura própria ou apoia a reeleição do prefeito Aidan Ravin (PTB). Em visita ao Diário, em março, Alckmin observou que as decisões locais são tomadas pelos diretórios municipais.

Lula, recuperado do câncer na laringe, é esperado principalmente em Santo André, para alavancar o nome do pré-candidato a prefeito Carlos Grana (PT). A primeira atividade política do ex-presidente será dia 14, em São Bernardo, quando participará da inauguração do CEU (Cento Educacional Unificado) Regina Rocco Casa, na Vila São Pedro.

Mesmo durante o tratamento contra o tumor, Lula exerceu seu papel de articulador político. No fim de março ele recebeu a visita do governador de Pernambuco e presidente nacional do PSB, Eduardo Campos, para consolidar apoio dos socialistas ao prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho (PT), e em outras cidades da região.

Divisão de forças - A cientista política e professora da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos) Maria do Socorro Souza Braga avalia que os dois têm pesos políticos próximos, com vantagem para Alckmin na Capital e no Interior. "Ele tem demonstrado força nestas regiões há um bom tempo", considera a especialista.

Em contrapartida, no Grande ABC a cientista ressalta o poderio eleitoral de Lula, mesmo fora da Presidência da República. "Além dessa região ser o berço do PT, boa parte das cidades (São Bernardo, Diadema e Mauá) é governada por petistas. Observo também que recebem muitos recursos do governo federal, o que pode ter impacto nas urnas."