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Entenda como foi o golpe de Estado na Venezuela
Maria Teresa Orlandi
Do Diário OnLine
14/04/2002 | 17:48
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Hugo Chávez foi deposto por um golpe de Estado na madrugada de sexta-feira, depois que a população aderiu a uma greve geral de dois dias em protesto contra a crise econômica venezuelana, agravada pela política do petróleo do país, quarto maior exportador mundial do produto. O movimento culminou em intensos protestos que deixaram mortos e feridos.

A greve foi convocada pela Fedecámaras, maior associação empresarial venezuelana presidida por Pedro Carmona — que assumiu o ‘governo de transição’ após a temporária queda de Chávez — , pela Confederação dos Trabalhadores da Venezuela (CTV), maior sindicato do país, e por funcionários da PDVSA, a petrolífera estatal.

A revolta popular e militar aumentou depois que o presidente suspendeu os sinais de transmissão de cinco redes de TV privadas na quinta-feira, acusando-as de manipular notícias para desestabilizar o governo.

Autoproclamando-se ‘presidente dos pobres’ e prometendo uma revolução social, Chávez foi eleito presidente por maioria esmagadora em 1998 e reeleito em julho de 2000, com 59% dos votos. Seu mandato termina em 2007. Aquém das expectativas da população no combate à pobreza, ao crime e à corrupção, o governo Chávez passou a ser acusado de promover um regime autoritário, com medidas anti-democráticas.

Enquanto isso, a situação econômica se agravou com a queda nos preços do petróleo. O quadro da Venezuela piorou no ano passado, quando Chávez lançou um pacote com 49 leis que permitiram a expropriação de terras para a exploração de petróleo, o que levou o setor empresarial a deflagrar greves. As impopulares medidas também levaram ao repúdio outros setores da sociedade, que começaram a promover várias manifestações neste ano.

Em outra atitude duramente criticada, o presidente demitiu o quadro de executivos da estatal petrolífera PDVSA, mas os funcionários se recusaram a deixar seus cargos. A medida motivou uma greve inicialmente prevista para ter duração de 24 horas. Em razão do grande apoio popular, foi prorrogada.

Na última quinta, a população saiu às ruas e pediu a renúncia de Chávez. Horas depois, militares anunciaram que o presidente havia abandonado o cargo e empossaram como presidente de um governo de transição Pedro Carmona, que governou o país por 24 horas.

O anúncio da dissolução dos poderes Legislativo e Judiciário e a omissão de informações sobre o paradeiro de Chávez levaram Carmona ao isolamento e à renúncia. O governo provisório instalado não foi reconhecido por países como Argentina, Chile e Peru, sob acusação de aniquilar a democracia e destituir um governo legítimo.

Com o apoio de parte das Forças Armadas e da população de baixa renda, Chávez foi libertado e voltou ao poder na Venezuela, 48 horas depois do golpe.




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