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Parte dos xiitas iraquianos prega ações violentas contra coalizão
Da AFP
04/04/2004 | 22:18
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Uma parte minoritária, mas radical, dos xiitas iraquianos promoveu neste domingo ações violentas contra a coalizão, o que provocou a morte de um soldado salvadorenho e de sete militares americanos, ferindo também mais de 30 pessoas no país árabe. A comunidade xiita tinha acolhido favoravelmente a invasão americana do Iraque para derrubar o ditador Saddam Hussein. No entanto, a etnia está hoje dividida entre os partidários do grande aiatolá Ali Sistani, que apóia a calma, e os de seu rival Moqtada Sadr, que promoveu as manifestações deste domingo, estimulando seus súditos a "aterrorizar os inimigos".

Os soldados americanos morreram durante um confronto com os militantes de Mehdi. O conflito teria sido desencadeado pela tentativa de obter o controle de edifícios públicos e da polícia em Sadr City, um subúrbio xiita próximo a Bagdá.

"A milícia tentou ocupar e assumir o controle das delegacias de polícia e de edifícios governamentais. Durante o ataque, os agressores utilizaram armas leves e foguetes antitanque RPG contra as forças da coalizão e de segurança iraquianas", informou a coalizão em comunicado.

"As forças da coalizão e de segurança iraquianas conseguiram restabelecer a ordem, mas sete militares americanos morreram e mais de 20 ficaram feridos", acrescentou.

Protestos convocados pelos partidários de Sadr explodiram na cidade santa de Najaf, onde pelo menos 20 iraquianos, entre eles dois policiais, morreram durante confrontos perto da base militar espanhola.

A coalizão também confirmou na noite deste domingo que um soldado salvadorenho morreu e outros 12 ficaram feridos, assim como um militar americano. A manifestação deste domingo ainda teria deixado mais de 200 iraquianos feridos. A detenção, no sábado, de Mustafá Yaacubi, chefe do escritório de Sadr em Najaf (e que a coalizão suspeita de estar envolvido no assassinato em abril de 2003 do líder xiita liberal Adbel Majid al-Khoi), foi a gota d'água que desencadeou a onda de violência.

Edifícios públicos foram ocupados pelos manifestantes. Segundo um porta-voz espanhol, partidários de Sadr cercaram a sede do Governo de Najaf, e, em seguida, a das forças iraquianas de defesa civil (ICDC), vigiadas por militares salvadorenhos. Os xiitas radicais também invadiram os edifícios oficiais de Kufa.

A violência se alastrou por diversas cidades. Em Amara, quatro iraquianos morreram e oito ficaram feridos em confrontos entre os seguidores de Sadr e as forças britânicas.

Em Nassiriyah, um carabineiro italiano ficou levemente ferido durante um enfrentamento com manfestantes armados perto da base militar italiana. Três soldados portugueses sofreram ferimentos leves numa emboscada na mesma cidade.

Em Sadr City, os xiitas tomaram o controle de três postos policiais.

Na noite deste domingo, Moqtada Sadr pediu aos seus súditos a "aterrorizar os inimigos", considerando que os protestos de rua se tornaram obsoletos.

"Peço a vocês que não protestem mais, pois já se tornou inútil, uma vez que seu inimigo gosta de aterrorizar e silenciar as opiniões, desprezando os povos", denunciou em comunicado.

Em contrapartida, o grande aiatolá Ali Sistani fez um apelo à calma. "O aiatolá sugeriu aos manifestantes que ficassem calmos e mantivessem o sangue frio, deixando que o problema fosse resolvido pela via da negociação", informou uma fonte próxima a Sistani em Najaf.

"Ali Sistani também pediu aos manifestantes que não respondessem em caso de agressão das forças da coalizão", acrescentou a fonte.

As ações violentas deste domingo foram condenadas pelo atual presidente do Conselho de Governo provisório iraquiano, Massud Barzani.

Além disso, o exército americano anunciou que dois marines foram assassinados em dois ataques da guerrilha o oeste do Iraque. Cinco iraquianos e dois soldados americanos ficaram feridos ainda neste domingo, durante a explosão de dois carros-bomba no centro de Kirkuk (norte).

O emissário especial das Nações Unidas no Iraque, Lakhdar Brahimi, chegou na noite deste domingo a Bagdá, para "cooperar com os diferentes partes a fim de ajudar a preparar o processo de transferência da soberania", previsto para o dia 30 de junho, informou seu escritório em comunicado.




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