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Licitaçao de bandas torna teles atrativas
Juliana Rosa
Do InvestShop.com
04/11/2000 | 20:16
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Com a proximidade dos processos de licitaçao das bandas C, D e E de telefonia móvel - que começam no próximo dia 27, quando serao lançados os editais -, os investidores começam a ficar atentos para entender de que forma as açoes das empresas do setor podem ser afetadas. Alguns analistas preferem indicar a compra de papéis das fixas por ser mais previsível o futuro dessas empresas, mas outros acham que é hora de aproveitar que os papéis das celulares estao mais baratos para comprar.

A analista de telecomunicaçoes da Bes Securities, Carolina Gava, diz que o setor como um todo tem grande potencial de valorizaçao, porque as açoes já foram castigadas pelo mercado financeiro. "As cotaçoes caíram muito mais do que deveriam e nenhuma deve sofrer um baque ainda maior", acredita Carolina.

Da mesma forma pensa o analista do banco Pactual, Ricardo Kobayashi, para quem as açoes do setor também já caíram muito. Ele diz que as novas regras já estao mais claras, o que possibilita traçar melhor as perspectivas para o futuro. Além disso, a competiçao deve ser maior do que se está esperando e, por conseqüência, o crescimento das celulares também pode nao ser tao grande, analisa Kobayashi.

Para quem pensa em investir nas empresas de telefonia móvel, o analista do Pactual indica as açoes da Telemig Celular, da Tele Celular Sul e da CRT Celular. Essas duas últimas e mais as açoes da Tele Centro Oeste Celular e Telesp Celular sao indicaçoes de Carolina Gava, feitas com base na liqüidez, controle, base de clientes, fluxo de caixa descontado, entre outros, como aspectos relevantes.

"Acredito que a Telemig e a CRT devem ainda passar por alguma mudança societária e a CRT deve participar de alguma fusao ou recompra. Esses sao investimentos mais de médio prazo porque essas empresas já contam com uma boa base de assinantes. A longo prazo, podem nao ser as melhores opçoes", aconselha Kobayashi.

O analista que acompanha o setor na consultoria Brascan, Jair Santiago, prefere indicar, das celulares, a compra da Tele Nordeste Celular e da Tele Leste Celular porque teriam maior potencial de crescimento. "A Tele Leste é da Telefônica de Espanha e pode haver troca dos papéis por BDRs. A Tele Nordeste é da Telecom Itália, que também apresenta boas perspectivas de crescimento e está atuando em regioes valorizadas. Além disso, foi um dos papéis mais desvalorizados", explica.

Segundo os últimos dados do relatório da Bes Securities, o potencial médio de valorizaçao da Tele Centro Oeste Celular é de 43,2%, sendo o preço justo estimado em R$ 9,05; da Tele Celular Sul, 47,8% (preço justo de R$ 7,70); da Tele Leste Celular, 50% (preço justo de R$ 1,98); da Tele Nordeste Celular, 57,2% (R$ 6,24); da Telemig Celular, 27,2% (R$ 5,66); da Telesp Celular, 35,8% (R$ 29,50); e da CRT, 35,4% (R$ 854,65).

Fixas - Já o sócio diretor da Previsa, Roberto Arraes, diz que se, particularmente fosse investir em empresas do setor, optaria pelas empresas de telefonia fixa. "O futuro é menos promissor, mas as expectativas também sao muito boas e o risco dessa aplicaçao é menor. Nas cotaçoes das celulares já estao embutidos os prêmios, mas ninguém pode garantir que o retorno tao esperado é garantido", disse Arraes.

Carolina Gava confirma que as empresas do setor de telefonia fixa vêm apresentando bons resultados operacionais, mas, apesar de as açoes serem mais líquidas que os papéis das celulares, nao vêm apresentando bons resultados em bolsa. "Os investidores apostaram mais nas celulares em funçao do potencial de crescimento das empresas de tecnologia como um todo, já que os negócios com celular sao mais atrativos com a chegada da internet nos aparelhos", explica a analista da Bes Securities.

Das fixas, Telemar - principalmente por causa da expectativa da entrada de um parceiro estratégico na empresa e do potencial de crescimento -, Embratel e Tele Centro Sul foram as mais citadas pelos analistas, esta última apesar da briga que vem se arrastando entre os fundos de pensao e o Opportunity. Os analistas acreditam que o potencial de valorizaçao desses dois papéis é de, no mínimo, 50%.

Jair Santiago lembra que as fixas também podem sair perdendo com a reestruturaçao do setor em funçao do valor da tarifa de interconexao. "Quando você liga do celular para uma outra cidade, nao escolhe a operadora de longa distância. No pacote das mudanças, o cliente vai poder escolher a operadora e esse valor a ser dividido entre as empresas ainda nao foi definido", explica Santiago.

Por esse motivo, as fixas poderiam perder receita. Santiago conta que alguns analistas fazem previsoes apocalípticas quanto à queda dessa receita. "Eu acho que a receita vai cair sim, mas estao superestimando essas perdas. Quando estiver tudo nos devidos lugares, as açoes vao se recuperar", aposta o analista da Brascan.

Arraes acredita que todas as celulares que nao têm participaçao nas fixas vao participar das licitaçoes porque nao vao abrir mao de oferecer serviços mais avançados tecnologicamente a seus clientes e agregar novos mercados. Ou seja: vao crescer. E as fixas também vao ter a oportunidade de entrar nas bandas D e E e explorar novos mercados. "Os papéis de todo o setor estao em ponto de compra", avalia Carolina.

O leilao da banda C está marcado para o dia 30 de janeiro de 2001, o da banda D para 20 de fevereiro seguinte e o da banda E para 13 de março do mesmo ano. A analista da Bes Securities, Carolina Gava, explica que as empresas que operam nas bandas A (ex-estatais) e B da telefonia celular só poderao renovar suas concessoes se migrarem para as novas bandas.

"Essas empresas nao vao abrir mao do direito de prestar uma tecnologia mais avançada aos seus clientes e estao, de certa forma, sendo "forçadas" a migrar para a nova regulamentaçao", explica Carolina. O objetivo da Agência Nacional de Telecomunicaçoes (Anatel) é acabar com as atuais bandas A e B a médio prazo, porque essas faixas de freqüências ficarao defasadas tecnologicamente. O novo serviço de celular vai utilizar a tecnologia mais difundida do mundo, que é o Global Service for Mobile (GSM).

O edital deve prever inexistência de metas de universalizaçao dos serviços, seleçao da operadora de longa distância pelo usuário e liberdade de negociar o preço da interconexao.




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