As negociações entre Brasil e Estados Unidos chegaram à fase final. Os norte-americanos sinalizaram com mudanças nos subsídios aos produtores de algodão em reunião encerrada sexta-feira em Washington, confirmaram fontes envolvidas no assunto. O conteúdo das ofertas não foi revelado. Os contatos seguem nos próximos dias por telefone.

Os técnicos vão apresentar a conclusão das negociações aos ministros que compõem a Camex (Câmara de Comércio Exterior) na quinta-feira. Se os ministros decidirem que o acordo alcançado é suficiente, o Brasil pode adiar a retaliação até 2012, quando o Congresso dos Estados Unidos vai discutir a reforma da Farm Bill (Lei Agrícola).

A negociação quase terminou em impasse no fim de maio, quando os Estados Unidos disseram que não avançariam mais. Foram necessárias mais duas rodadas de discussão: uma em São Paulo e outra que terminou em Washington. "Estamos na fase final da negociação, mas não completamos o processo. Os ministros vão decidir se o que alcançarmos será suficiente para prorrogar a retaliação até 2012", disse o diretor do departamento econômico do Itamaraty, Carlos Cosendey. Ele não detalhou o andamento das negociações.

O Brasil venceu processo contra os norte-americanos na OMC (Organização Mundial de Comércio), que condenou os subsídios aos produtores de algodão. Os Estados Unidos não retiraram o apoio e a OMC autorizou a retaliação.

No início de abril, o Brasil estava pronto para elevar as tarifas de importação de produtos norte-americanos, mas adiou a retaliação. O país concordou em conceder fundo anual de US$ 147 milhões aos produtores brasileiros de algodão e começou a fase mais complexa da negociação.

A expectativa é que o governo Obama se comprometa a trabalhar por uma mudança. O nó da negociação é o programa de garantia à exportação, conhecido como GSM.

Os Estados Unidos suspenderam os pagamentos do GSM, mas retomaram dez dias depois com algumas modificações decididas unilateralmente. O Brasil quer a redução dos prazos e alta dos juros do programa o suficiente para desestimular seu uso.