A cerimônia religiosa com que se lembrou mais um aniversário do 11 de setembro de 1973 foi encabeçada pelo presidente Ricardo Lagos, no Palácio de La Moneda. Nos arredores da sede do governo, diversas organizações prestaram homenagem a Salvador Allende, que se suicidou em meio ao levante militar.

Ao contrário dos anos anteriores, quando grandes multidões eram convocadas para lembrar a data, as cerimônias concentraram escassos participantes. Apenas distúrbios menores foram registrados, informou o ministério do interior.

A imprensa chilena se centrou neste ano no primeiro aniversário dos atentados terroristas de Nova York e Washington.

Coroas de flores foram depositadas num muro do Palácio de La Moneda e nos pés do monumento a Allende pelo Agrupamento de Familiares de Detidos Desaparecidos, pelo Partido Comunista e por sobreviventes da guarda presidencial de Allende, conhecida como GAP (Grupo de Amigos Pessoais).

Os presentes lembraram o ex-presidente entoando o hino nacional e ouvindo as últimas palavras que dirigiu ao país antes de se suicidar, quando pediu aos trabalhadores não terem medo e lutarem por sua dignidade e seus direitos.

O presidente Lagos não participou das homenagens. Ele apenas presenciou a missa que se realizou na capela do Palácio de La Moneda, em memória de Allende e das mais de 3 mil vítimas que deixou o regime militar.

A vice-presidente do Agrupamento de Detidos Desaparecidos, Mireya García, disse à Agência France Presse que esta quarta " é um dia de tristeza e de dor", que não pode ser esquecido, mesmo depois de 23 anos. "Não podemos esquecer porque não o superamos, não passamos a outra etapa."