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Inflaçao baixa deve diminuir juro, prevê G.Sachs
Do Diário do Grande ABC
05/04/1999 | 15:54
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A divulgaçao dos recentes indicadores de inflaçao, melhores que as expectativas mais otimistas, estao entre os fatores que podem encorajar o Banco Central a reduzir a taxa Selic dos atuais 42% para 39% a 38%, aponta Paulo Leme, economista-chefe da Goldman Sachs baseado em Nova York. "Tal corte já está precificado nos futuros e pode continuar impulsionando os mercados acionários. Contudo, acreditamos que seria aconselhável o BC agir da forma mais conservadora possível", diz Leme.

Para o economista, até agora a abordagem brasileira para combater a crise tem funcionado muito bem. Tal estratégia reúne uma forte política fiscal (os números de fevereiro sao favoráveis), uma política monetária apertada (realizada em março), o inteligente apoio do FMI para permitir uma forte intervençao do BC no mercado de moeda e a recuperaçao do financiamento externo.

"O objetivo da tática é o de impulsionar a entrada de capitais, causar uma valorizaçao nominal da taxa de câmbio e, assim, estourar a bolha inflacionária e abaixar as taxas nominais de juros".

Leme aponta que a queda do índice IGP-M é, em parte, devido à valorizaçao de 21% da taxa cambial. "Se tal tendência prosseguir, o IGP-M pode terminar 1999 abaixo dos 20%, possivelmente por volta dos 18%. Tudo dependerá da habilidade do governo de assegurar o necessário financiamento externo e evitar deslizes no programa fiscal", avalia.

Para a Goldman Sachs, as CPIs representam os principais riscos para esse círculo positivo, particularmente as investigaçoes do setor financeiro. "Muito barulho nessa área poderia jogar areia nas expectativas e evaporar o incipiente financiamento externo, pondo em perigo, particularmente, a retomada do comércio e das linhas de crédito interbancário", avalia Leme.

Ele diz que a recuperaçao brasileira é bem-vinda e propicia um melhor panorama de curto prazo para o mercado doméstico e também para os emergentes. Contudo, aponta que as contas fiscais e externas permanecem extremamente vulneráveis a reviravoltas no sentimento, financiamento externo e choques políticos locais. "Portanto, mantemos nosso tom de cautela sobre o Brasil", afirma o economista.

Quanto aos juros, por sua vez, Larry Brainard, chefe do Departamento de Pesquisa Global do Chase Manhattan, aponta que a Selic poderia ser reduzida até para 37% em muito breve.




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