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Governo brasileiro espera por salvo-conduto para buscar Gutiérrez
Do Diário OnLine
Com AFP
22/04/2005 | 22:16
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O governo brasileiro aguarda apenas por um salvo-conduto (mecanismo legal que garante ao asilado segurança para ir até o aeroporto embarcar para o país de destino, sem que seja preso ou agredido por populares) do governo equatoriano ao ex-presidente Lucio Gutiérrez para trazê-lo para o país.

O Equador deverá estudar com calma a concessão do benefício ao político deposto. Enquanto isso, ele permanece asilado na embaixada do Brasil na capital Quito com a esposa e duas filhas, onde se encontra desde quarta-feira, quando foi deposto do cargo pelo Congresso equatoriano. "O Brasil considera o ex-presidente um asilado, mas nós ainda não concedemos o salvo-conduto. O Equador vai analisar todas as circunstâncias primeiro e só então tomar uma decisão. Todos sabem que a questão é delicada", afirmou o chanceler equatoriano Antonio Parra Gil. O diplomata disse ainda que o governo está ciente de que a embaixada do Brasil em Quito se encontra sitiada pelo povo equatoriano, que pede uma punição para o ex-presidente.

O chanceler explicou que o problema básico é que "o povo do Equador se cansou dos presidentes, que convertidos em verdadeiros traidores, pedem e conseguem asilos políticos". Manifestantes protestam em frente a embaixada do Brasil no Equador e prometem passar toda a noite desta sexta-feira por lá. Eles carregam faixas e cartazes, e algumas estampam a frase: "Lula, amigo, não lhe dê asilo". O país passa por uma onda da agitação popular há cerca de uma semana, o que já resultou na morte de duas pessoas.

Por sua vez, o chanceler brasileiro Celso Amorim fez questão de afirmar ao governo do Equador que "o Brasil não pratica uma doutrina de reconhecimento de governos". Após a destituição de Gutiérrez, o Congresso nomeou o vice-presidente Alfredo Palacio para comandar o país. Desde então, o ex-presidente ficou sitiado na embaixada brasileira, após concessão de um asilo diplomático. O asilo territorial também foi aceito pelo presidente Lula, mas para isso Gutiérrez terá de vir ao país.

O ministro afirmou que ainda não está definida a cidade brasileira onde o ex-presidente do Equador irá morar. De acordo com Amorim, o presidente equatoriano deve ser abrigado em uma casa do governo brasileiro durante um tempo "razoável". Apesar da indefinição, o vice-presidente e ministro da Justiça, José Alencar, garantiu que o político equatoriano ficará em Brasília em uma residência cedida pelo Exército brasileiro.

Amorim disse ainda que o fato de o Brasil conceder asilo político a uma autoridade não significa simpatia, preferência ou apoio. "O asilo tem por objetivo não só proteger uma pessoa, mas contribuir para a paz social no país porque, às vezes, a presença continuada de uma pessoa é até um foco constante de agitação e rebelião", justificou.

De casa nova - O político deposto recebeu o asilo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ficará em Brasília, em uma residência cedida pelo Exército. O ex-presidente tem um avião da FAB (Força Aérea Brasileira) pronto para tirá-lo do país e que apenas espera o salvo-conduto para levantar vôo.

Ida e volta – Na manhã desta sexta-feira chegou a ser noticiado que o avião brasileiro saiu de Rio Branco com destino ao Equador, mas não havia sido permitido o pouso no país vizinho. A Aeronáutica negou que o avião tenha sobrevoado o território equatoriano e disse que o Boing da FAB apenas foi para Porto Velho, onde teria "melhores condições de apoio e infra-estrutura".




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