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Pacientes sofrem com precariedade no Nardini

Paredes descascadas, fiação exposta e sujeira são alguns dos problemas do hospital de Mauá

Vanessa de Oliveira
Do Diário do Grande ABC
05/04/2018 | 07:00
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Celso Luiz/DGABC


Uma unidade hospitalar e duas realidades: de um lado, estrutura totalmente nova no PS (Pronto-Socorro) do Hospital de Clínicas Doutor Radamés Nardini, em Mauá, inaugurado em dezembro do ano passado. Já no prédio antigo, espaços deteriorados, limpeza precária, falta de medicamentos básicos e pacientes em macas pelos corredores aguardando por leitos. Por fora, tapumes de madeira no lugar do vidro de algumas janelas já denunciam que a situação lá dentro também é de precariedade.

“O do lado (o PS) é o (Hospital Israelita) Albert Einstein. Agora, aqui está difícil”, falou a diarista Sueli Nascimento, 47 anos, que buscava o marido que recebera alta médica, fato que a deixou indignada pela situação em que ele se encontrava. José Valdomiro Nascimento, 54, foi acometido por uma ferida na perna causada pela diabetes. “Falaram que iriam fazer cirurgia e não fizeram. Dois dias depois que ele chegou dão alta para tratar em casa. Está até com mau cheiro, estou revoltada”, desabafou.

Logo que chegou à unidade, Nascimento foi medicado com antibiótico, tratamento que não prosseguiu até o fim de sua estadia no hospital. “Domingo acabou o antibiótico e curativo fizeram porque ele pediu”, relatou a mulher. A condição do quarto foi outro ponto a ser lastimado por Sueli. “É muito sujo e com cheiro ruim.”

Faltam estrutura para atender os pacientes e também medicamentos. Mãe de paciente, que preferiu não se identificar, diz que a filha necessita de remédio para controlar a pressão alta, mas só foi medicada porque trouxe a medicação de casa. “E se eu não tivesse, como ficaria?”, questionou.

Nora de outra paciente internada no hospital com suspeita de hepatite também teve de levar o mesmo tipo de remédio para a sogra. No quarto, a quantidade de fiação solta traz insegurança e, no banheiro, sujeira causa indignação a acompanhante, que optou por não revelar seu nome. “Pensei em trazer água sanitária e sabão para limpar o banheiro”, comentou. A falta de limpeza se soma ao estado precário dos sanitários, com paredes destruídas e vasos sem assento. No dia 28, quando a sogra chegou ao hospital, havia seis pacientes aguardando por leito no corredor do segundo andar, de acordo com a nora. Nesta semana, a equipe do Diário esteve no local e flagrou dois pacientes em maca no corredor.

Funcionária que atua no hospital e, por medo de represálias preferiu não se identificar, confirma os relatos dos familiares de pacientes. “Tem sujeira, paredes rachadas, pacientes no corredor, falta roupa de cama, remédios, falta tudo. Às vezes, não tem Dipirona e a gente compra, pois fica com dó dos pacientes. É complicado”, detalhou.

ARGUMENTOS

Em resposta aos problemas apontados pelo Diário, a Prefeitura disse que o Hospital Dr. Radamés Nardini passa por processo de reestruturação. “A administração trabalha para minimizar os transtornos no hospital, cujo prédio tem mais de 40 anos”, destacou. “A administração mantém contato constante com Estado e União para garantir ajudas de custeio e mais aportes para reformas e aquisição de equipamentos”, completou.

A gestão Geraldo Alckmin (PSDB) encaminha por mês ao município aproximadamente R$ 1 milhão para a ajuda no custeio do Nardini. O recurso auxilia no pagamento de funcionários e na compra de insumos. O equipamento demanda entre R$ 5 milhões e R$ 6 milhões por mês.
Sobre os medicamentos, o Executivo declarou que “os estoques das unidades de Saúde estão sendo constantemente abastecidos”.
 




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