Política Titulo Movimentação
Tucanato planeja palanque para Doria, mas evita racha

Lideranças do PSDB esperam saída para iniciar campanha e minimizam impacto com Márcio França

Fábio Martins
Do Diário do Grande ABC
01/04/2018 | 07:21
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A menos de uma semana para o prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), deixar o cargo na Capital para entrar na concorrência ao governo do Estado pelo tucanato, o PSDB no Grande ABC começa a articular estratégias para a campanha do correligionário na região, mas evita racha com o vice-governador Márcio França (PSB), que também disputará Palácio dos Bandeirantes, tendo a ser favor pleitear a vaga como nome governista. O primeiro desafio será exatamente minimizar impactos com a divisão entre os apoios à candidatura do até então aliado.

Na avaliação do prefeito de Santo André, Paulo Serra (PSDB), a presença de França no pleito não afeta o relacionamento entre os dois partidos. “Caso o vice-governador seja efetivado, de fato, como candidato também temos que manter conversa. A relação precisa ser de diálogo para o bem da cidade”, considerou. Sobre Doria, o chefe do Executivo andreense destacou que a aposta deve ser na apresentação de novas ideias. “Independentemente de nomes, teve escolha prévia (da legenda). Sem dúvida terá todo apoio, empenho, aliado à candidatura do (governador Geraldo) Alckmin (PSDB, à Presidência). Não tem outra forma de agir (na empreitada). Vamos propor campanha propositiva, de defender o legado do PSDB, de realizações.”

O PSDB está na gestão do governo de São Paulo desde 1995, com Mário Covas, morto em 2001. De lá para cá, Alckmin e José Serra se alternam no poder. Para o coordenador regional da sigla, Márcio Canuto, Doria terá apoio de todos os prefeitos do PSDB na região, incluindo o gestor de Rio Grande da Serra, Gabriel Maranhão, sondado para ingressar no PSB – o tucanato contabiliza, pela primeira vez na história, o comando de quatro prefeituras no Grande ABC. “Contamos com o apoio dele e estamos apenas aguardando as últimas tratativas da executiva para acertarmos as primeiras agendas”, definiu.

Canuto acredita, por outro lado, que Doria possa obter mais apoios de integrantes de lideranças de outros partidos. “Temos tido muitas conversas com vereadores e alguns parlamentares de outras legendas que estão com o Márcio França, mas que não vão caminhar com ele. O momento agora é de trazer ainda mais apoiadores”, concluiu. A expectativa de pessoas ligadas à direção paulista do PSDB é que os eventos de Doria tenham início pelo Interior do Estado.

AGENDAS
Nesta semana, está prevista a saída de Doria do Paço, o que deve acontecer na sexta-feira, quando o vice-prefeito Bruno Covas (PSDB) assumirá o posto. No mesmo dia, Geraldo Alckmin (PSDB) transmitirá o cargo para França.

Correligionários apostam em maior relação com Bruno Covas

Diante da iminente posse de Bruno Covas (PSDB) ao comando da prefeitura da Capital, lideranças do tucanato regional consideram que há chance de relação com maior efetividade a partir da mudança de bastão. Com perfil diferente do atual prefeito João Doria, o neto do ex-governador de São Paulo, que hoje chefia a Pasta da Casa Civil, já tem adotado tom mais político, de diálogo nos bastidores, e teve no Grande ABC boa parte de seus votos em campanhas anteriores, quando se elegeu deputado federal. Em 2014, por exemplo, o tucano obteve 22,2 mil sufrágios somente nas sete cidades – foram 352,7 mil em todo o Estado.

“Trabalho com o Bruno Covas desde 2002 e por conta disso posso afirmar que ele, nesta questão de relação, dá muito acesso e tem um jeito de fazer política que é mais agregador. Entendo que será bom para a região, que faz divisa com São Paulo e terá bom diálogo”, citou o coordenador do PSDB no Grande ABC, Márcio Canuto. Uma das principais reivindicações dos prefeitos passa por resolver com maior celeridade problemas nas regiões limítrofes, o que, na prática, seria cumprir agenda concreta no canal direto já existente, criado por meio de assento no Consórcio Intermunicipal.

Presidente do PSDB de Santo André e ex-assessor de Bruno Covas, Ricardo Torres destacou a proximidade do vice com os prefeitos Paulo Serra, de Santo André, Orlando Morando, de São Bernardo, e José Auricchio Júnior, de São Caetano, além de pontuar a ligação política. “Santo André foi seu terceiro maior colégio eleitoral, atrás apenas de São Paulo e de Santos. Ele sempre teve presença e apoio aqui na região. Isso vai gerar, com certeza, muita pauta coletiva”, frisou o dirigente.

Mesmo com a troca, Doria e o vice têm descartado grandes alterações no governo, na tentativa de empregar discurso de continuidade. Torres confia que o cenário não deve sofrer mudança substancial. “Não há ruptura (na gestão). Ele deve manter estrutura”, disse, rechaçando que tenha recebido convite para integrar o Paço.  (colaborou Humberto Domiciano) 




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