Diretor há 40 anos, o mineiro Paulo Thiago raramente se aventurou pelo universo da religião. Thiago define-se como ateu, mas, ultimamente, a mulher - Gláucia Camargos, sua parceira na arte e na vida - e ele deram de sonhar com um grande filme popular, daqueles que arrebatassem multidões. Pensaram no futebol, optaram pela religião.

Como a tradição religiosa mineira é indesligável do catolicismo - com todas aquelas igrejas barrocas -, ambos, marido e mulher, se voltaram para a padroeira do Brasil, Nossa Senhora Aparecida. E fizeram Aparecida - O Milagre. Num ano marcado por grandes sucessos de público do cinema brasileiro, a expectativa é de que Aparecida feche 2010 cravando mais alguns milhões de espectadores.

O filme é um melodrama, feito para chorar. Um rio de lágrimas tem acompanhado as sessões especiais do longa. Vamos logo dizendo que não é filme para críticos. Eles vão implicar, e com razão, com as redundâncias narrativas, com as imagens icônicas que voltam a toda hora, como se a diretora Tizuka Yamasaki não confiasse muito no público e se sentisse obrigada a reafirmar sua mensagem de amor e fraternidade. Mas talvez seja outra coisa. Uma questão de ritmo, que também se manifesta na trilha composta pelo estreante Paulo Francisco Paes, filho do casal de produtores.

A proposta é de cinema narrativo, contando uma história de fé. Murilo Rosa faz o empresário que se afastou da mulher e do filho. Acumulou riqueza, mas é incapaz de amar, ou de manifestar seu amor. Ele odeia a santa, a quem culpa pela morte do pai e agora tem de prostrar a seus pés, pedindo que intervenha para salvar seu filho.

No final, todo mundo chora e a fé pela a santa vence. A dúvida que persiste é se haverá milagre na bilheteria.