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Governo avalia 'estragos' de denúncia contra Diniz
14/02/2004 | 19:02
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e os ministros do núcleo político avaliam que terão muito trabalho com as denúncias publicadas pela revista Época envolvendo o ex-subchefe da Assessoria Parlamentar da Casa Civil Waldomiro Diniz, que aparece numa fita de vídeo cobrando contribuição do bicheiro Carlinhos Cachoeira para a campanha do PT, em 2002. Um inquérito para investigar o caso será aberto na Superintendência Regional da PF (Polícia Federal) no Rio. Segundo nota oficial da PF, quem presidirá o inquérito será o delegado Antônio César Fernandes Nunes, que já chefiou a DRE (Delegacia de Repressão a Entorpecentes) e foi adido policial na Colômbia por dois anos e meio.

A preocupação do Planalto tem razões práticas: os líderes petistas e aliados no Congresso são experientes em fazer denúncias, mas ainda ingênuos na defesa do governo e do partido.

Um exemplo citado por interlocutores do presidente desta falta de traquejo político para tratar de assuntos delicados foi a intervenção da líder do PT no Senado, Ideli Salvati (SC), na sexta-feira pela manhã, quando a oposição já explorava a denúncia: em discurso na tribuna, ela pediu punição para Waldomiro e também para o bicheiro – por supostamente ter vazado a fita. "Foi um desastre", comentou um auxiliar palaciano.

Depois de uma reunião de emergência entre o presidente Lula e seus principais ministros, feita na noite de sexta-feira, no Hotel Glória, a conclusão foi uma só: se a oposição exercida por PSDB e PFL fosse tão competente quanto a feita pelo PT durante os governos de Fernando Collor e de Fernando Henrique Cardoso, não haveria como escapar da instalação de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar a atuação de Waldomiro Diniz e a suspeita de que teria envolvimento com a máfia dos bingos.

Vingança - "Os primeiros dias serão difíceis", reconheceu o novo líder do PT na Câmara, Arlindo Chinaglia (SP), ao final da festa de aniversário do PT, sexta-feira à noite. Na reunião que fizeram no Rio, Lula e seus ministros mais importantes, como José Dirceu (Casa Civil), Luiz Gushiken (de Comunicação de Governo) e Luiz Dulci (da Secretaria-Geral da Presidência), chegaram à conclusão de que pelo menos dois motivos podem ter servido para a divulgação da fita: ou vingança do Ministério Público contra José Dirceu, que andou pregando a lei da mordaça para os procuradores e promotores, ou o início da 'parte suja' da campanha.

Os senadores do PT se reunirão nesta segunda para definir qual será a posição do partido sobre o pedido de CPI.




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