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Tônia Carrero morre aos 95 anos

Estrela da Vera Cruz, em São Bernardo, atriz teve parada cardíaca e será cremada hoje no Rio

Miriam Gimenes
05/03/2018 | 07:29
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Tônia Carrero costumava dizer que envelhecer era chato. “Mas a outra alternativa é pior, então, sigamos em frente.” E seguiu até onde deu, aos 95 anos. A estrela da Companhia Vera Cruz, de São Bernardo, morreu no fim da noite de sábado, de parada cardíaca, que ocorreu durante procedimento cirúrgico para tratar de uma úlcera. Ela foi velada no Theatro Municipal do Rio de Janeiro e será cremada hoje, às 15h, no Memorial do Carmo, também no Rio.

Tônia era o nome artístico de Maria Antonietta Portocarrero Thedim. Nasceu no Rio de Janeiro, em 23 de agosto de 1922, e, embora tenha se formado em Educação Física, foi uma das atrizes mais conhecidas na segunda metade do século passado.

Estudou interpretação em Paris e estreou sua carreira com Um Deus Dormiu Lá em Casa, ao lado de Paulo Autran, no Teatro Brasileiro de Comédia, em São Paulo. À época era casada com o artista plástico Carlos Arthur Thiré, com quem teve o filho Cecil Thiré. Depois casou-se mais duas vezes: com o italiano Adolfo Celi e, por último, com o o engenheiro César Thedim.

E foi na Vera Cruz, com os filmes Tico-tico no Fubá, Apassionata (ambos em 1952) e É Proibido Beijar (1954), que ela ganhou o estrelato. “Durante muitos anos vi algumas entrevistas dela dizendo que não gostava de ‘Tico-Tico no Fubá’, o renegando. Mas quando ela já estava com 70 anos reconheceu que este foi o melhor filme que ela fez”, lembra o pesquisador de cinema e autor de dez livros, Antonio Leão S. Neto. Segundo ele, à época das gravações, a atriz se hospedava no Pavilhão Vera Cruz, em São Bernardo, onde havia um ‘hotel’ para os artistas da Cia.

Mas ela era, essencialmente, uma artista de teatro – foram 50 peças em sete décadas de carreira. Uma das últimas vezes que se apresentou na região foi em 2005, no Teatro Municipal de Santo André, com a peça Chega de História!. “Até mesmo à televisão ela demorou para se render. Começou a fazer novela quase 20 depois de sua estreia no teatro.” A última foi Senhora do Destino, em 2004.

Para o pesquisador, embora ela tenha sido uma das mais belas atrizes brasileiras, conseguiu fugir desta ‘marca’. “A importância dela (para a história da dramaturgia) foi tripla: foi uma pessoa de muito talento, muita beleza e uma personalidade muito forte.” Na foto histórica em que Ruth Escobar marcha com mulheres contra a censura na Ditadura Militar, Tônia é uma das protagonistas.

E assim ela se despediu da vida, na linha de frente. Embora reclusa desde 2013 por sofrer de hidrocefalia (excesso de líquido no cérebro), já não andava, não se comunicava, mas seguiu firme até onde deu.  




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