Política Titulo CPI
Ex-diretor relata empresas
extorquidas pelo Semasa

Ex-diretor de Gestão Ambiental da autarquia Roberto
Tokuzumi declarou que teve confirmação de 4 pessoas

Fábio Martins
do Diário do Grande ABC
05/04/2012 | 07:19
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O ex-diretor de Gestão Ambiental do Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André) Roberto Tokuzumi relatou ontem, em depoimento à CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito), que, depois de verificar - entre outubro e novembro - a montagem de esquema de venda de licenças ambientais pela superintendência, contatou quatro representantes de empresa que confirmaram pagamento de valores para conseguir a liberação do documento.

Exonerado em março, Tokuzumi garantiu que o primeiro caso suspeito ocorreu quando foi procurado pelo lobista Ari Sarzedas - chamado de despachante -, encaminhado pelo superintendente adjunto, Dovilio Ferrari Filho. O propósito era liberar imediatamente a licença a favor da empresa Estate Pan Empreendimentos. "Eugenio Voltarelli (ex-funcionário de confiança do superintendente Ângelo Pavin, que possui regalias como vaga no estacionamento) lhe disse que, a partir daquela data, toda e qualquer licença somente seria liberada mediante pagamento para caixa de campanha."

Tokuzumi afirmou que, naquele momento, o interessado no documento, de nome Walter, lhe adiantou que já havia efetuado o pagamento para tal propósito. Conforme o depoimento, Walter avisou que entregou R$ 30 mil nas mãos de Sarzedas e seus auxiliares Renato e Ricardo. No mesmo dia, saiu a liberação da licença.

O denunciante assegurou que o proprietário da empresa Zenit, Ronaldo Virgilio Pereira, que representava, na ocasião, os interesses do empreendimento Varsóvia, foi outro achacado. A licença, de acordo com o denunciante, estava pronta e ele foi orientado a falar com o advogado Calixto Antônio Júnior, que nem era funcionário da autarquia, mas fazia contato com as empresas no esquema. "Quando conversou, foi lhe exigido quantia alta. O dono pensou até em desistir do terreno, mas acabou falando para enviar R$ 50 mil para findar o problema."

O ex-diretor deixou calhamaço de cartões de visitas de Calixto à CPI. "A ordem era para trancar todos os processos. Falou que tudo teria de passar por ele", disse, salientando que "o advogado tinha status na superintendência". "Eles queriam fila."

Outra averiguação realizada pelo ex-diretor se deu com a representante da construtora Fratta, Rosa Ramos. Tokuzumi ouviu dela, indignada, que Calixto pediu R$ 350 mil para a liberação. O depoente citou também Luiz de Gasperi, proprietário de escritório de licença ambiental, que também foi contatado pelo advogado para tratar sobre a liberação de um cliente.

Durante a oitiva, Tokuzumi se colocou à disposição para acareação com os possíveis envolvidos no esquema, a quem ele afiança que sofreu perseguição, apresentando lista de pessoas que, teoricamente, foram vítimas de assédio moral. "Esse pessoal (da superintendência) pensa que a autarquia é particular. Dovilio queria preparar terreno para dominar 100% das ações."

Ronaldo, da Zenit, diz que nunca teve contato com exigência de pagamento. Rosa, por sua vez, ponderou que, primeiramente, precisa ter ciência do depoimento antes de dar qualquer declaração. "Fico em situação complicada. Vou tomar todo cuidado." Os demais citados por Tokuzumi não foram encontrados para falar sobre o assunto.

 

Denunciante alega que prêmios foram doados ao departamento

Após os supostos envolvidos no esquema tentarem desqualificar o denunciante, Roberto Tokuzumi garantiu que é possível provar com qualquer um dos mais de 100 funcionários da Gestão Ambiental que os brindes recebidos - seis prêmios, entre TVs e notebooks - foram doados por empresários. Os presentes foram captados para distribuição em festa de Natal do ano. Pavin entregou imagens à CPI com o ex-diretor carregando os brindes, numa tentativa de incriminá-lo por receber benefícios de empresas.

Ex-vice-prefeito de Ribeirão Pires, Tokuzumi afirmou que não jogará a responsabilidade a outras pessoas, caso alguém entre com processo judicial para intimidá-lo. "Não fiz nada de errado. Respondo pelos meus atos. A comissão (do evento) recebeu de bom grado para realizar sorteio. Inclusive, quem venceu foi a irmã de um assistente do Dovilio", disse, ao completar que "o boi mostrou o chifre, mas esqueceu que o rabo ficou para fora".

Revelando que sua indicação partiu do ex-diretor de Gestão Ambiental Jarbas Elias Zuri - hoje adjunto na Secretaria de Esportes na prefeitura de São Paulo -, o arquiteto que garantiu ter ‘pendurado a chuteira' da política após ser candidato a prefeito de Ribeirão Pires em 1996, cita que "não acredita que parte dos funcionários confirme tudo o que está sendo denunciado. "Não vão jogar a carreira fora. Só se espera a verdade."




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