Com parte do Jardim Zaíra sem água em virtude de reparos no sistema de abastecimento e após dois rompimentos de adutora, que deixaram Mauá com as torneiras secas por 11 dias, o superintendente da Sama (Saneamento Básico do Município de Mauá), Diniz Lopes (PR), pediu exoneração do cargo ontem por priorizar a carreira eleitoral. Ele será substituído pelo diretor de Planejamento e Obras da Pasta, Ivã Ribeiro de Oliveira.

Alheio aos problemas da autarquia, o republicano ostenta o desejo, inclusive, de ser candidato a vice no projeto de reeleição do prefeito Oswaldo Dias (PT). Mas, com o atual detentor do posto, Paulo Eugenio Pereira Júnior (PT), cada vez mais fortalecido no processo, restará a Diniz pedir voto para tentar retornar à Câmara, de onde saiu em 2008 para concorrer ao Paço.

Não bastasse a deficiência técnica, nos três anos sob o comando de Diniz a Sama foi alvo de diversas denúncias de irregularidades. A mais recente gerou pedido de abertura de CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) na Câmara pela autarquia ter produzido contrato fajuto para a compra de concreto - por nove votos a oito, a CPI foi enterrada.

No período, Diniz também foi acusado pelo dono da Rochamar Construções, José Vieira da Rocha (PMDB), de ter falsificado doações para sua campanha a deputado estadual, em 2010. A Justiça Eleitoral contabiliza que a empresa doou R$ 110 mil a Diniz, R$ 60 mil a mais do que o limite estabelecido com base na receita bruta da firma no ano anterior - segundo Vieira, Diniz adulterou sua assinatura.

Além do histórico na Sama, Diniz ainda deverá travar batalha judicial para não ser enquadrado na Lei da Ficha Limpa, já que as contas de 2004 da Câmara foram reprovadas pelo TCE (Tribunal de Contas do Estado) - na época, era o presidente da Casa.

"Sou ficha limpa", garante o republicano, ao atribuir a autoria das denúncias a Vieira. "Falou e não provou nada." Diniz classifica de "positivo" o período na Sama e exalta deixar a autarquia "sem pendências e com R$ 6 milhões em caixa". Oswaldo Dias absolveu o aliado. "Não tenho do que reclamar."

TROCAS

Outros quatro integrantes do primeiro escalão deixaram o governo mauaense ontem para concorrer a vereador. Homem-forte da administração, José Luiz Cassimiro será substituído na Secretaria de Governo por Mariângela Secchi, que conciliará a função com a chefia de Gabinete.

Na Secretaria de Finanças, Paulo Suares (que reassumirá mandato de vereador) dá lugar a Cássio Pegoraro, e, na de Segurança Alimentar, sai João Carlos Alves para a entrada de Marcos Filório. O ouvidor Chico do Judô também entregou o cargo, e deverá ser substituído por José Lira.