Setecidades Titulo
Morador sofre há uma década com falta d'água
Renato Castroneves
Especial para o Diário
24/09/2010 | 07:41
Compartilhar notícia


Os moradores da Rua Almirante Cockrane, no Jardim Independência, em São Bernardo, convivem há pelo menos uma década com sucessivos cortes e escassez no fornecimento de água. A pouca quantidade que chega às residências - normalmente entre às 23h e às 8h -possui baixa pressão, insuficiente para abastecer os reservatórios. Ainda assim, eles alegam que pagam contas de água geralmente entre R$ 50 e R$ 80 pela água que pouco recebem nas torneiras.

Os moradores dizem que a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) foi procurada diversas vezes para trzer uma solução para o problema, mas nenhuma medida eficaz foi realizada. "Técnicos da Sabesp vieram até a minha casa e disseram que falta pressão para a água chegar aqui na rua. Tudo bem que é alto, eu concordo, mas eles precisam consertar", disse Maria do Carmo Mendes, 57.

Tarefas básicas como lavar as roupas da família, cozinhar e manter a casa limpa, tornam-se atividades complicadas para quem convive com escassez de água na Rua Almirante Cockrane. Para aliviar o problema, todo o serviço doméstico é feito com o volume disponível nas caixas d´agua e, muitas vezes, elas não comportam a demanda da residência e secam durante o dia.

Grávida de seis meses, Daniela divide a ansiedade pela chegada do primeiro filho com a apreensão de como a falta d' água vai atrapalhar seus cuidados com a criança. "Não sei como vou fazer para dar banho e manter a higiene do bebê. Com certeza vai ser muito complicado para nós", desabafou.

Para Vera Dourado, 35, mãe de dois filhos, o problema tem piorado com o decorrer dos anos. "O fornecimento está cada vez mais escasso e com menos pressão", reclama.

Em nota, a Sabesp confirma as informações dos moradores. Alega que "trata-se de local de difícil abastecimento, atendido pelo Reservatório Planalto que ao longo do tempo, em função do crescimento populacional desordenado, diminuiu sua capacidade de atender a demanda, sendo que a região é abastecida somente no período noturno."

ARREPENDIMENTO
Muitas pessoas que se mudaram recentemente para a Rua Almirante Cockrane se diz arrependida devido à falta de abastecimento na rede de água.

Daniela Fingolo, 29, e o marido mudaram para a casa dos "sonhos" há quatro anos. Recém casados, eles não esperavam que o pesadelo de viver sem água estava apenas começando. "Mudei para cá (Rua Almirante Cockrane) sem saber do problema. Parece engraçado, mas não sei nem o que é usar uma mangueira na minha casa", afirma inconformada Daniela.

Outros moradores não tiveram a mesma paciência do casal e, em pouco tempo optaram por deixar o local e migrar para outro bairro em busca da tranquilidade no fornecimento. O problema atinge em cheio o mercado imobiliário do local e dificulta a locação de imóveis na região atingida pelo abastecimento deficitário. "Quem paga aluguel, quando se dá conta da falta de água, entrega o imóvel e vai embora. Teve gente que não ficou nem seis meses aqui", afirma Maria do Carmo.

SOLUÇÃO CASEIRA
Cansados de esperar por uma solução definitiva, os moradores de um prédio de três andares encontraram uma solução caseira. Uma bomba elétrica, dois tambores e uma mangueira plástica foram suficientes para garantir o banho de quatro famílias.

O aparato é responsável por bombear a água fornecida durante a madrugada para as caixas d´agua, localizadas na cobertura do edifício. "A gente tem a penitência de acordar todo dia às 5h para encher os tambores. Se perder a hora e acordar mais tarde, ai só no dia seguinte", disse Maria do Carmo, que convive como problema há oito anos.

SABESP
Segundo a Sabesp, estão previstas obras para tentar solucionar o problema na Rua Almirante Cockrane, como a construção da adutora Vila Marchi/Alvarenga e a construção de um reservatório na região do Bairro Batistini. A 1ª etapa da adutora de 800 mm encontra-se, segundo a empresa, em operação desde outubro de 2009 e a segunda etapa tem previsão de término para dezembro de 2011.

A Sabesp acredita que, desta forma, promoverá um aumento significativo na oferta de água para a região e pede desculpas pelos transtornos.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;