Cultura & Lazer Titulo Música
Project46 é mergulho em som pesado e letras reflexivas

Banda paulistana divulga disco de estúdio ‘Tr3s’ e apresenta músico andreense

Vinícius Castelli
09/01/2018 | 07:00
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 Nome que tem cada vez mais chamado a atenção no cenário metal brasileiro, a banda Project46 está, a cada ano, amadurecendo de vento em poupa. Não à tôa, participou de festivais como Monsters of Rock – onde ganhou vaga por votação popular –, Rock in Rio e Maximus Festival, para citar alguns. Criado em São Paulo, o grupo apresenta agora o disco Tr3s (R$ 25, em média), terceiro da carreira e que ganha vida com dez composições de peso.

Formada por Jean Patton e Vini Castellari (guitarras), Caio MacBeserra (voz), Betto Cardoso (bateria), a banda conta ainda com um músico de Santo André, o contrabaixista Baffo Neto, que assina sua estreia no grupo neste disco. O resultado é uma obra primorosa, cheia de mensagens e com instrumental digno de bandas veteranas.

Baffo Neto conta que o trabalho foi gravado em Hollywood, Estados Unidos, entre junho e julho de 2017. “Ficamos dormindo todos juntos na sala do estúdio, gravando dia e noite, aquela coisa. Obviamente (o trabalho) só terminou horas antes do nosso voo de volta para o Brasil”, diz. Já o processo de composição levou cerca de sete meses e foi realizado em ensaios, com toda a banda participando. O álbum, independente, foi financiado pelos fãs do grupo por meio da campanha Experiência Tr3s, que, além do crowdfunding (vaquinha virtual), agrega experiências interativas para seus apoiadores.

A banda apresenta no novo disco faixas extremamente pesadas, bem tocadas, com passagens velozes e outras, que chegam de surpresa, cadenciadas. Vale ressaltar a boa harmonia das guitarras também. O andreense diz que o grupo quer ser o combustível de reação aos que precisam reagir. “Nossa música carrega reação, esperança e força, além da melhora, solução e esperança”, explica.

Para o contrabaixista, há muita energia embutida no trabalho que fazem. “É muito forte. É como o sal que, em excesso, faz mal. Mas na quantidade certa realça o sabor de qualquer alimento, mas sempre dependendo do paladar de quem o consome. Para quem não ouve este tipo de música com frequência, o disco parece, de fato, ser furioso, raivoso e indignado”, explica o músico.

Fator que chama a atenção no Project46, ainda mais por se tratar de uma banda de metal, é o fato de cantar em português, quando a maioria opta pela língua inglesa. “Se não fosse pelo português esta banda jamais teria se tornado popular no Brasil. Mas isso também impede a banda de expandir as atividades para outros países. Estamos trabalhando na resolução disso neste exato momento”, explica Baffo Neto.

Entre os temas do álbum estão Corre, com narrativa sobre se libertar do que não faz bem, e Realidade Urbana, que fala de vivermos como escravos ao que o sistema nos impõe. Marginal, um dos destaques, tece críticas à sociedade. Segundo o guitarrista Jean Paton, os músicos do Project46 sempre ouviram de seus ídolos mensagens de aceitação, liberdade e protesto. “Nós somos minoria, então, de certa forma, nos identificamos com outras minorias também”, diz.

Ele explica que a ideia da banda é encorajar o questionamento e expor o que está sendo abafado. “Obviamente o que queremos mostrar é que todos somos iguais, independentemente de classe social ou cor, por exemplo, e que todos aqui têm o mesmo peso, responsabilidade e direito de se sentir bem.”

Baffo Neto conta que, no disco anterior, Que Seja Feita a Nossa Vontade (2014), a banda escolheu, como tema central, fazer críticas sociais e políticas, a tudo e a todos que entendeu estar, naquele momento, causando indignação, revolta ou desconforto aos brasileiros. “Neste disco focamos nos problemas humanos. Falamos sobre sentimentos (particulares) e que movem pessoas ao nosso redor e as afeta de alguma forma. Alguns são bons, outros não. Atitudes que fazem mal às pessoas são as que criticamos. A mensagem deste disco é de volta por cima, superação de problemas e de força”, finaliza.




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