Meta é tratar 100% dos dejetos produzidos na região do Alvarenga, em São Bernardo, até 2020
Assinatura realizada ontem pela Prefeitura de São Bernardo autoriza a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) a iniciar, em janeiro, a primeira fase do Programa Pró-Billings, que tem como meta coletar e tratar 100% do esgoto do Grande Alvarenga, até 2020.
Segundo a Sabesp, o trabalho será iniciado até a terceira semana do próximo mês. “Com as duas fases (que começarão em julho, também com término em 2020), 700 mil metros cúbicos de esgoto por mês deixarão de ir para a Billings”, salientou o presidente Jerson Kelman. A companhia disse não ser possível estimar a quantidade de esgoto que a represa recebe de todo o território que a envolve, já que há cidades da Região Metropolitana que não estão sob sua gerência.
No entanto, a proposta tem enfoque nos imóveis que estão em situação regular. De acordo com a empresa, por ser o uso do solo e regularização fundiária de alçada da municipalidade, cabe à Prefeitura resolver o problema das moradias com perfil irregular.
Na primeira etapa, as obras ocorrem nas subbacias que abrangem bairros como Jardim Laura, Las Palmas, Pinheirinho, Los Angeles, Represa, Imigrantes, entre outros. O projeto inclui a construção de 34 estações elevatórias de esgotos de pequeno porte, duas de médio porte, linhas de recalque, condutos forçados, 51 quilômetros de redes coletoras de esgotos, 8.000 ligações domiciliares e 9,5 quilômetros de coletores-tronco para exportação dos esgotos até o tratamento na ETE ABC (Estação de Tratamento de Esgoto do ABC). Ao fim de todo o processo, daqui dois anos, 250 mil pessoas serão contempladas pelas obras.
A previsão inicial era a de que a primeira etapa começasse em junho. “(O que atrasou) É o processo burocrático de habilitação das empresas, acaba tendo recurso, o que postergou”, disse o prefeito Orlando Morando (PSDB).
O empreendimento é financiado com recursos da Sabesp, do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e da Jica (Agência de Cooperação Internacional do Japão, na sigla em inglês) e custará R$ 89,4 milhões. A segunda etapa está orçada em R$ 110 milhões.
É com ansiedade que a população da área periférica contemplada recebe a notícia do início da execução da obra, prometida desde 2010. A dona de casa Antônia Balbina da Silva, 54 anos, é moradora há quatro décadas do Jardim Represa e lamenta o estado em que o esgoto deixa a Billings. “Quando a represa está baixa, a gente vê fezes flutuando e tudo preto de esgoto. Há muito tempo que essa água não tem proveito nenhum”, destaca. “Essa obra será uma bênção, tudo que a represa precisa”, considera.
Diário mostra em série de reportagens avanço da poluição no manancial
Série de reportagens publicada pelo Diário sobre os efeitos do desmatamento e ocupação irregular no entorno da Represa Billings, em setembro, alerta sobre os efeitos do despejo irregular de esgoto no manancial.
Sobrevoo feito pela equipe de reportagem a bordo de helicóptero Bell 206 Jet Ranger apontou que o tradicional azul-escuro da Billings, responsável pelo abastecimento de 1,6 milhão de pessoas na região, se limitava ao braço Rio Grande, separado por barragem artificial do corpo central do manancial, onde a água ganha tom esverdeado. A cor se deve a fenômeno conhecido como eutrofização, quando algas surgem a partir do excesso de esgoto descartado.
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