A poluição da Represa Billings acabou com os clubes náuticos e estaleiros da Baia de Eldorado, em Diadema. Mas, enquanto existiu água limpa, o bairro foi de fato um eldorado, e não só ele, mas os vários outros às suas margens, como o Alvarenga e o Distrito de Riacho Grande, em São Bernardo.
Para vocês terem uma ideia, a revista Quatro Rodas, ano 1, nº 1 (1960), traz uma reportagem especial de turismo sugerindo passeios entre Eldorado e Riacho Grande. Roberto Carlos, o Rei, teve casa de campo em Eldorado nos tempos da Jovem Guarda. E pescava tilápias com o parceiro Erasmo Carlos, o Tremendão. Não se sabe se Wanderlea, a Ternurinha, vinha com a galera.
Em 2009, James Melchioretto narrou a vida e morte de Eldorado ao Centro de Memória de Diadema. Um depoimento riquíssimo.
O próprio Sr. James revisou o texto final da sua fala, em 2014, vindo a falecer em 2015. O depoimento é mais que um legado histórico. É um grito de alerta: “A Billings tem salvação”. Depende de uma ação efetiva por parte das autoridades locais, que podem e devem cobrar as estâncias superiores. Pena que Diadema, isolada, não faça mais parte do Consórcio Intermunicipal. Se lutar coletivamente é difícil, imaginem uma luta solitária de uma municipalidade que tem tantas prioridades mais.
A arquiteta Maria Luisa Zaragozza Gagliardi, nossa orientadora nesta Semana Diadema 2017, repassa fotos que fez e a íntegra da entrevista do Sr. James. Documento histórico que nos remete às tantas aulas deixadas pelo saudoso ambientalista Fernando Vitor – e Fernando Vitor é outro que tanta falta faz.
Eldorado construiu barcos.
E fez o melhor do Brasil
O pai do Sr. James veio para Eldorado em 1940, para trabalhar. E a família passou a morar no bairro em 1947. Pai e filho estruturaram uma empresa de manutenção de barcos. Num segundo momento passou a vender e a projetar lanchas esportivas, formando um estaleiro. A empresa Aquasport, dos Melchioretto, tornou-se representante da Yamaha no Brasil.
O estaleiro chegou a 32 funcionários para produzir embarcações, mais os vendedores. Um modelo grande, para 50, 70 cavalos, foi eleito pela Quatro Rodas o melhor barco do Brasil. O que mais vendia por revendedoras como a Mesbla, Hermes Macedo e Jumbo.
Outros estaleiros foram estabelecidos, como o ‘Pontão’, de Ricardo Klein; o ‘Scholze’; o estaleiro de Luis Felder. Os Melchioretto chegam a comprar o Estaleiro ‘Bandeirante’, propriedade da família mesmo depois que as atividades náuticas foram suspensas em Eldorado.
Represa assoreada.
Mas existe salvação
O assoreamento da Billings, que se transformou em depósito de esgoto, impediu o acesso ao que se chamava “água”. Foi o fim.
Dizia James Melchioretto na entrevista de 2009:
(...) parece que tem água, mas não tem, porque a represa, a baía do Eldorado está assoreada.
Nós solicitamos ao governo, à Emae (Empresa Metropolitana de Águas e Energia), que é proprietária da represa, que preservassem a represa. É só retirar o aluvião que a água retorna.
As atividades também poderão retornar, com os clubes que fecharam: Silvaplana, Santa Mônica, Sete Praias.
“Ah, seo Delfim...
Contribuiu também para o fim das atividades náuticas em Eldorado a proibição de importação de motores, informava James Melchioretto.
Delfim Neto, ministro da Fazenda, achou que para o ‘Brasil Grande’ devia ter fábricas de motores aqui. Por isso aumentou a alíquota de importação dos motores a 200% sobre o preço do motor. Isso complicou muito a venda dos barcos pequenos.
Dois anos depois o Delfim ‘brecou’ a importação de motores. Essa proibição provocou o fechamento de todos os estaleiros, o fim das lojas representantes: Mesbla (18 lojas), Hermes Macedo (14 lojas) e todas as distribuidoras, nossos representantes.
Só nos restou encerrar nossas atividades. Encerramos o Estaleiro Bandeirante, a Aquasport e a Loran Barcos e Motores.
(...) meu irmão ficou muito desgostoso. Achou de parar. A gente, para fabricar o barco, precisava encontrar motores usados, já que a importação estava dificultada. Quando paramos devíamos muito barcos, a pedido, mas nós paramos assim mesmo. Não me lembro bem o ano, 1987, 1988, por aí.
Que esta Semana Diadema 2017 seja uma homenagem ao Sr. James Melchioretto, falecido em 26 de maio de 2015.
Ainda nesta Semana Diadema, Memória publicará uma rara foto aérea da baia de Praia Vermelha, em Eldorado, no ano de 1945.
Diário há 30 anos
Domingo, 13 de dezembro de 1987 – ano 30, edição 6624
Manchete – Novo pacote pode cortar 900 bilhões do deficit
São Bernardo – Prefeitura promete ação contra grileiros.
Memória – A campestre Vila Alpina, em Santo André.
Em 13 de dezembro de...
1917 – Terminam no Grupo Escolar de São Bernardo, no Distrito de Santo André, os exames de final de ano; e uma exposição de trabalhos dos alunos é aberta à visitação, com grande comparecimento.
A guerra. Do noticiário do Estadão: violento ataque alemão a Leste de Bullecourt; o inimigo consegue penetrar num saliente da frente inglesa; ataques repelidos nos demais pontos.
1922 – Prefeitura de São Bernardo cria o cargo de engenheiro.
1972 – Toyota anuncia a produção de automóveis populares em sua fábrica de jipes em São Bernardo.
Santos do Dia
Luzia
Odila (ou Otília)
João Marimoni
Uma missa, às 8h, marcará o Dia de Santa Luzia, na gruta do mesmo nome, em Mauá. Uma imagem da santa será colocada na gruta.
Hoje
Dia do Pessoa com Deficiência Visual
Dia do Marinheiro
Dia do Pedreiro
Dia do Lapidador
Dia Nacional do Forró
Municípios Brasileiros
Celebram seus aniversários em 13 de dezembro:
Em São Paulo, Guaiçara, Luís Antonio, Ourinhos e Palmeira d’Oeste
No Pará, Água Azul do Norte, Brasil Novo, Breu Branco, Eldorado dos Carajás, Goianésia do Pará, Ipixuna do Pará, Jacareacanga, Novo Progresso, Palestina do Pará, Santa Bárbara do Pará, Santa Luzia do Pará, Terra Santa, Trairão, Ulianópolis e Vitória do Xingú
No Paraná, Carambeí, Cruzmaltina, Diamante do Norte, Japurá, Porto Barreiro e Tamarana
Em Pernambuco, Gameleira
Em Santa Catarina, Itá
Em Goiás, Luziânia
No Piauí, Massapê do Piauí, Nazária e São Miguel da Baixa Grande
Em Minas Gerais, Pequeri
Na Paraíba, Serra Grande
Fonte: IBGE
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