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Líbia quer entrar na era do turismo cultural
Do Diário do Grande ABC
13/04/1999 | 14:35
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A Líbia, país rico em tesouros arqueológicos gregos e romanos e em esplêndidas mesquitas, quer entrar na era do turismo cultural, rechaçando toda idéia de turismo de massa.

"Noventa mil pessoas visitam nossos tesouros anualmente. Italianos, franceses e de muitas outras nacionalidades. Podemos receber muitos mais, queremos construir hotéis, inclusive no deserto, formar pessoal, restaurar monumentos, fazer reviver nossas cidades", declarou nesta terça-feira o ministro de Turismo da Líbia, Bujari Huda.

A falta de infra-estrutura é evidente, admitiu o ministro, afirmando que ``nosso ideal nao é apenas que entre dinheiro. Nós nao faremos o mesmo que Egito ou Tunísia', disse, aludindo ao turismo massivo nestes dois países.

Entre os projetos importantes, o ministro citou a iluminaçao do castelo de Trípoli, que será realizada pela Unesco. Trípoli, ``a tripla cidade', levou a cabo a iniciativa de seu governador, Achur M'geg, de estabelecer uma série de trabalhos de restauraçao e de proteçao de seu patrimônio. Será renovado o antigo consulado francês, que foi construído em 1630 e foi o primeiro da França no exterior. A cidade velha, onde se encontra o Arco de Marco Aurelio e os edifícios de estilo italiano sucedem os tipicamente árabes, pode ser declarada ``patrimônio da humanidade'.

A riqueza arqueológica da Líbia é imensa. Começando pela pré-História e a arte rupestre de Matendur, em Fezzan (regiao central da Líbia), que data de 4000 AC e que atesta a existência de um povo caçador, de cultura brilhante.

``Pode-se comparar Círene, criada em 631 AC, grande porto do Mediterrâneo oriental, a Efeso ou a Delfos pela amplitude de seus vestígios. Nela se encontram todos os elementos da cidade grega', afirma André Laronde, professor de história grega de Sorbonne, que há 26 anos viaja regularmente à Líbia, onde dirige desde 1981 uma missao arqueológica. ``Os grandes sítios gregos e romanos foram abandonados à vida nômade até o século XIX. Alguns passaram por 20 séculos de esquecimento', afirmou.

Lá está também Leptismagna, hoje Lebda, grande porto fenício fundado pelos cartagineses, visitado esta terça-feira pelo diretor-geral da Unesco, Federico Mayor. Foi ali que nasceu e viveu o Imperador romano Septimio Severo, no século II.

As escavaçoes arqueológicas provam que Sirte teve uma vida puramente líbia. ``Nem púnica, nem grega, nem romana', a Líbia tem uma história milenar própria, como atesta Platao, citando Sócrates e Heródoto, lembra o professor Laronde. Mais recentemente, o lugar recebeu também a herança dos muçulmanos fatimitas, que construíram magníficas mesquitas, como a de Agebedan, ao sul de Benghazi.




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