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Pressionado por guerra, dólar atinge maior cotação do ano
Do Diário OnLine
13/02/2003 | 20:53
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O temor pela possibilidade de um ataque unilateral dos Estados Unidos levou o dólar comercial a registrar a maior cotação do ano, na casa dos R$ 3,678 para venda (valorização de 2,02%), valor mais alto desde 13 de dezembro. No fim do pregão, a moeda norte-americana fechou negociada a R$ 3,665 para a venda e a R$ 3,660 para a compra, valorização de 1,66%, após uma intervenção do Banco Central no mercado de câmbio, cujo valor não foi divulgado.

Mas um anúncio feito pelo BC nesta quinta-feira pode aumentar a oferta de dólares no mercado. Segundo o diretor de política monetária, Luiz Fernando Figueiredo, não serão feitas a recompra de linhas de exportação oferecidas ao mercado no ano passado. Assim, o montante que o BC receberia, em dólar, em fevereiro, março e abril, deve ser devolvido em reais. Até o fim de abril o mercado deve ter de volta cerca de US$ 1,5 bilhão.

As medidas econômicas tomadas pelo governo , como aumentar o superávit primário para 4,25% - elogiadas por entidades financeiras internacionais e bem recebidas pelo mercado – não têm sido suficientes para balancear o medo da explosão de uma guerra entre Estados Unidos e Iraque.

O fato do chefe dos inspetores de armas da Organização das Nações Unidas (ONU), Hans Blix, ter marcada para esta sexta-feira a apresentação, no Conselho de Segurança, de suas novas conclusões sobre as últimas inspeções no Iraque faz com que os operadores trabalhem com cautela. Assim, investidores negociam menos, causando a redução do volume das operações e resultando em baixa liquidez no mercado.

Mesmo assim, independente do que disse Blix, os Estados Unidos são veementes em afirmar que a necessidade de uma guerra para desarmar Saddan Hussein é fundamental e que vai acontecer mesmo sem o apoio do resto do mundo. Bélgica, França, Alemanha e Rússia, integrantes da aliança militar Otan, já se posicionaram contra o conflito. Na ONU, os três últimos países, acmpanhados da China, também votam por outra alternativa à guerra.

Também preocupa, segundo analistas, a questão de haver espaço para uma alta da taxa básica de juros na próxima reunião do Copom, marcada para semana que vem, já que os índices de inflação, apesar de indicarem desaceleração na alta, caem em ritmo lento. No último encontro, o Comitê elevou a Selic de 25% para 25,5% ao ano, na tentativa de tentar conter a alta dos preços e, conseqüentemente, o crescimento da inflação. Hoje, porém, pressiona ainda a um reajuste dos juros a expectativa de guerra no Oriente Médio.

Bovespa - Em um dia de poucos negócios, a Bolsa de Valores de São Paulo fechou o pregão desta quinta-feira em forte queda de 3,82%, um dos índices mais baixos do ano. O Ibovespa ficou aos 10.107 pontos, com um volume de negócios de R$ 449 milhões.

O motivo da baixa liquidez e dos poucos negócios foi a cautela, por parte dos operadores e investidores, no que diz respeito a uma possível guerra entre Iraque e Estados Unidos. Atrelada às bolsas norte-americanas, a Bovespa seguiu a tendência de desvalorização.

Já o risco-Brasil, que mede a confiança dos investidores estrangeiros na capacidade do país de honrar suas dívidas, subiu 2,19%, na casa dos 1.351 pontos. O C-Bond, principal título da dívida externa negociado no exterior, caiu 0,63%, cotado a 69,063% do valor de face.




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