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Usuários de drogas levam temor a bairro de Sto.André

Moradores da Vila Alice fazem ‘vaquinha’ para instalar câmeras de segurança e monitorar movimentação nas ruas

Yara Ferraz
do Diário do Grande ABC
30/11/2017 | 07:07
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Nario Barbosa/DGABC


Preocupados com a forte presença de usuários de drogas nas ruas, sobretudo dependentes de crack, moradores da região da Vila Alice, em Santo André, decidiram instalar câmeras de monitoramento para acompanhar a movimentação nas vias. Por meio de uma vaquinha, nove moradores juntaram R$ 2.700 (R$ 300 cada) para a compra de equipamentos, que garantem acesso às imagens em tempo real.

Proprietário de uma oficina mecânica no bairro há cerca de um ano, Richard Jesus, 39, lembra que desde que montou o comércio tem se preocupado com a situação na área, principalmente com os carros dos clientes, que às vezes precisam estacionar na Rua Corumbá. “Nunca aconteceu nada comigo, mas justamente para garantir nossa proteção decidimos comprar as câmeras. Há uma migração constante de usuários de drogas na região, até porque aqui faz parte da rota deles, já que costumam ficar perto da Prestes Maia”, explica.

Pequeno mercado na mesma via foi assaltado duas vezes nas duas últimas semanas. Segundo o proprietário Mário Florindo, 70, os roubos à mão armada aconteceram à luz do dia, sob ameaça. “Foi na sexta-feira passada e na retrasada. Nas duas vezes foram de manhã, então não teve muito prejuízo porque não tinha muito dinheiro no caixa. Na primeira vez, eles pegaram bebidas (alcoólicas) e outras mercadorias. Na segunda, pediram cigarros, mas a gente não vende”, afirma ele, que acredita que os roubos não foram feitos por usuários, apesar de ter problema com alguns, que chegaram a jogar pedras no local.

Apesar de ter acionado a PM (Polícia Militar), ele optou por não registrar boletim de ocorrência. “Preferi não ir até a delegacia e ter de ficar bastante tempo lá. Estou pensando em instalar uma câmera, mas o pessoal, quando quer, rouba de qualquer jeito.”

Outra moradora, que preferiu não se identificar, entrou no rateio das câmeras justamente pela questão da segurança. Ela se mudou há dois anos e já investiu cerca de R$ 2.000 na residência, principalmente com grades nas janelas. “Eles passam (usuários de crack) bastante aqui e são agressivos durante a noite. Tenho muito medo de acontecer algo, então prefiro prevenir.”

Na Rua Dom Jorge Marcos de Oliveira, na Vila Guiomar, também há concentração de usuários (leia mais ao lado). “Eles não ficam andando por aí, é só aqui na rua principal mesmo. Mas passo rápido porque tenho medo de acontecer alguma coisa”, reclama Léia Souza Oliveira, 19, moradora do entorno.

Questionada, a Prefeitura afirmou que a guarda realiza rondas nos bairros. “Quando a GCM se depara com algum ilícito criminal, se constatado, conduz os envolvidos para a delegacia da área.” A SSP (Secretaria da Segurança Pública) informou que as avenidas Dom Jorge Marcos de Oliveira e Príncipe de Gales, e arredores, estão incluídas no Cartão de Prioridade de Patrulhamento. “São realizadas constantes ações policiais de abordagem a veículos e pessoas em atitude suspeita, bem como existe ponto de estacionamento de viatura na Prestes Maia”, disse em nota.

Migração continua a acontecer em toda a região da Vila Guiomar

Continuação da Rua Dom Jorge Marcos de Oliveira, o viaduto da Avenida Prestes Maia continua a servir de abrigo para usuários de drogas. Conforme dados da Prefeitura, nos arredores da região da Tamarutaca e do Viaduto Engenheiro Luís Meira (próximo à Fundação Santo André) há cerca de 15 a 20 pessoas, em cada local, dependendo do horário.

Segundo a administração municipal, há cerca de 310 pessoas em situação de rua que utilizam drogas cadastradas pelo Consultório na Rua. Porém, por conta da migração, o número pode não representar a quantidade real. “Especificamente na região do viaduto citado eles calculam 25 pessoas que utilizam essas substâncias. Cabe ressaltar que a equipe visita o local pelo menos uma vez por semana. De acordo com eles, o álcool é a principal substância consumida, seguido de cocaína e crack”, informou, em nota.

O problema da concentração de usuários na região é antigo. Em 2015, moradores do Conjunto Vila Guiomar levaram a questão até a Câmara Municipal. Com a manutenção de uma viatura na área, o grupo se deslocou para a Prestes Maia. O viaduto da via recebeu intervenções, com custo de R$ 97 mil, que também contempla construção do sistema de drenagem que capta águas pluviais. 




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