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Descoberto assassino do vice-presidente paraguaio
Do Diário do Grande ABC
29/10/1999 | 19:03
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Um delinquente com antecedentes de roubo e fraude se declarou culpado pelo assassinato do vice-presidente Luis María Argaña a 23 de março passado, ao mesmo tempo que envolveu como principais autores intelectuais o ex-presidente Raúl Cubas e seu padrinho político general Lino Oviedo. Cubas se asilou no Brasil após renunciar a 28 de março e Oviedo se refugiou na Argentina.

O delinquente, Pablo Vera Esteche, depôs durante oito horas, até as primeiras horas da madrugada desta sexta-feira. Ao terminar seu depoimento ao juiz Jorge Bogarín, indagado pelos jornalistas se falou com Cubas e Oviedo antes do crime, o "autor confesso" disse: "como nao vou falar com eles se sao meus patroes".

Vera Esteche envolveu mais dois homens, Fidencio Vega e Luis Rojas, na execuçao do assassinato e mais dois políticos, os deputados Conrado Pappalardo e Víctor Galeano Perrone, como autores intelectuais. Disse que receberam 120.000 dólares dos 300.000 prometidos e destacou que o saldo sairia "depois que Oviedo assumisse o poder".

Mencionou ademais como suposto intermediário, entre eles e Oviedo-Cubas, o major da infantaria Reinaldo Servín, detido há uma semana e preso numa unidade militar, acusado em princípio de realizar propaganda política a favor do general confinado na Argentina.

A defesa do militar denunciou, entretanto, que sua detençao é eminentemente política e que se relaciona mais com um plano de expurgo maciço de centenas de oficiais e suboficiais oviedistas, propiciado por González Macchi e o filho do falecido vice-presidente, ministro da defesa Nelson Argaña.

Max Narváez, advogado do general Oviedo, advertiu que "mais uma vez se procura implicar Oviedo". Narváez disse com ironia que, depois de ouvir a declaraçao de Pablo Vera Esteche, nunca tinha visto "uma pessoa tao feliz em se expor a 25 anos de prisao, a nao ser que tenha disparado contra um morto".

A defesa de Oviedo "tem graves suspeitas de que Argaña morreu antes" do atentado, explicou.

Narváez antecipou que vai processar Aguilar como "falso testemunho" e que tem "informaçao de que esteve sendo preparado quatro meses para recitar a nova versao", precisou. "Está demonstrado que todo o julgamento do suposto assassinato nao foi senao uma montagem para perseguir os adversários políticos", observou.

O promotor Gustavo Amarilla desmentiu que tenha havido qualquer transaçao com o autor confesso. "Para que nao surja essa interpretaçao, o processado foi assistido por uma defensora própria".

Argaña foi assassinado em 23 de março por três pistoleiros. Cinco dias depois do fato, agravado com mais sete assassinatos de opositores durante uma manifestaçao, o presidente Raúl Cubas foi obrigado a renunciar. Entregou o poder a Luis Gonzalez Macchi, presidente do senado.




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