A um ano da eleição presidencial, o eleitor de quatro das sete cidades do Grande ABC acredita em uma corrida eleitoral polarizada entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB) – assim, acreditando que o presidenciável tucano tenha de ser mesmo o chefe do Executivo paulistano e não o governador Geraldo Alckmin (PSDB).

Segundo levantamento realizado pelo Instituto Paraná Pesquisas e divulgado pelo Diário com exclusividade nas cidades de Santo André, São Bernardo, São Caetano e Diadema, o petista e o tucano paulistano dividem a preferência do eleitorado da região – cada um lidera cenário em duas cidades –, enquanto Alckmin aparece à frente somente em São Caetano e, nos demais municípios, registra dificuldades para alcançar Lula.

O Instituto Paraná Pesquisas avaliou dois cenários para o pleito presidencial do ano que vem, um com Doria como candidato tucano e outro com Alckmin capitaneando a empreitada do PSDB ao Palácio do Planalto. Os dois travam internamente duelo para ser presidenciável do partido.

Os demais nomes colocados nas pesquisas são, além de Lula, o do deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ), da ex-presidenciável Marina Silva (Rede), do ex-presidente do STF (Supremo Tribunal Federal) Joaquim Barbosa (sem partido), do ex-ministro Ciro Gomes (PDT) e o do senador Alvaro Dias (Podemos-PR).

Lula lidera em São Bernardo e em Diadema. No município onde reside, o petista atingiu 27,7% de intenções de voto, contra 23,1% de Doria, 9,9% de Bolsonaro e 9% de Marina Silva. Em Diadema, Lula está numericamente à frente, com 25,2% das intenções de voto, mas empatado tecnicamente com Doria, que recebeu 23,3% de citações – a margem de erro na pesquisa em Diadema é de 4,5 pontos percentuais.

Doria, por sua vez, surge na liderança em Santo André e em São Caetano (onde o eleitor tradicionalmente rejeita o PT). Em solo andreense, o tucano atinge 26,7% das intenções de voto, contra 18,3% de Lula – 12% de Bolsonaro e 9,5% de Marina Silva. Já em São Caetano, o prefeito paulistano alcança 36,1% do eleitorado e Bolsonaro aparece na vice-liderança, com 12,9%. No município, Lula é apenas o terceiro lugar, com 9,6%.

Alckmin registrou o melhor desempenho somente em São Caetano, com 23,5% das intenções de voto. Bolsonaro aparece na sequência, com 15,3%, à frente de Lula (10,4%) e Joaquim Barbosa (10%).

Nas demais cidades, o cenário com o governador favorece Lula. O petista fica no topo – e com distância – em São Bernardo (28% contra 14,9% de Alckmin) e em Diadema (25,6% a 14,2%). Em Santo André, Lula está numericamente na liderança, mas empatado tecnicamente: 18,6% a 17,3% – a margem de erro no território andreense é de 3,5 pontos percentuais.

“A eleição para o Grande ABC mostra uma polarização entre três forças políticas: há os candidatos pelo PSDB, como Doria e Alckmin, o Lula e o Bolsonaro. O levantamento mostra números preocupantes para Lula, por ser a casa dele (a região foi berço da fundação do PT e onde Lula ainda mora). Também é preocupante para Alckmin, porque ele sempre teve boa influência na região. Agora, para Doria e Bolsonaro a pesquisa é muito boa”, avaliou Murilo Hidalgo, diretor do Instituto Paraná Pesquisas.

Ao todo, o estudo coletou a opinião de 2.730 pessoas nas quatro cidades da região – 810 em Santo André, 890 em São Bernardo, 510 em São Caetano e 520 em Diadema. A margem de erro varia de 3,5 pontos percentuais (Santo André e São Bernardo) e 4,5 pontos percentuais (São Caetano e Diadema). As entrevistas foram realizadas entre os dias 26 de setembro e 2 de outubro.

DEMAIS CANDIDATURAS
As outras prováveis candidaturas presidenciais ainda lutam para serem conhecidas ao eleitorado do Grande ABC. Até mesmo Joaquim Barbosa – que conduzia o Supremo na análise do processo do Mensalão – figura em colocações mais baixas. O melhor desempenho de Barbosa foi registrado em São Caetano, em cenário sem Doria (10%).

Considerado uma das alternativas caso Lula não consiga efetivar seu projeto eleitoral, Ciro Gomes contabilizou desempenho na região melhor somente que Alvaro Dias – o senador paranaense aparece na última colocação em todas as cidades e nos dois cenários mensurados. O melhor percentual de Ciro foi em São Caetano (5,7% no estrato contra Alckmin).

Entre os que não sabem e que anularão o voto, o percentual nas cidades varia entre 15% e 24%.