Economia Titulo No Grande ABC
Saldo da balança comercial cresce 142% em dois anos

Resultado ainda não demonstra retomada; sinaliza
que economia regional caminha para sair da recessão

Gabriel Russini
Especial para o Diário
16/09/2017 | 07:30
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APPA/Fotos Públicas


O saldo comercial (diferença entre exportações e importações) do Grande ABC em 2017 supera em 142% o montante movimentado entre as sete cidades e outros países dois anos atrás, quando a crise era mais intensa. Embora ainda não signifique retomada, o resultado é sinal de que a economia regional caminha para sair da recessão.

De acordo com dados do MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior), de janeiro a agosto as empresas da região exportaram o equivalente a US$ 3,56 bilhões e, no mesmo período, importaram US$ 2,57 bilhões. A diferença, de US$ 990 milhões, correspondente a R$ 3,07 bilhões ao considerar o dólar comercial a R$ 3,11.

Durante os primeiros oito meses de 2015, por sua vez, as quantias provenientes de vendas realizadas ao Exterior estavam semelhantes, aos US$ 3,43 bilhões (as deste ano superam em apenas 3,79% as de dois anos atrás), enquanto que as compras oriundas de outros países eram bem maiores, US$ 3,02 bilhões (o que significa que em 2017 houve queda de 17,5%). Com isso, o saldo das operações ficou em US$ 408,3 milhões, o que, com a moeda norte-americana cotada em R$ 3,62, correspondia a R$ 1,47 bilhão. Dessa forma, a diferença dos valores em reais chegou a 52%.

Na avaliação do economista e coordenador do Instituto Mauá de Tecnologia Ricardo Balistiero, o panorama apresentado neste ano é melhor, mas ainda não indica uma retomada, de fato, na economia das sete cidades. “Este é o ano de saída da recessão profunda, dos fracos indicativos econômicos, mas que ainda são positivos. Se continuarmos nesse caminho, 2018 será um ano de bons resultados nos índices.”

O especialista destaca que 2015 foi um ano muito ruim. Ele explica que o caminho para uma balança comercial saudável é a alta tanto no campo das exportações quanto na área das importações, desde que as vendas ao Exterior sejam maiores. Ao comparar o desempenho frente a 2016, se tem alta de 7,7%, sendo que as exportações aumentaram 16,7% e, as importações, 20,6%.

Para o coordenador do Observatório Econômico da Universidade Metodista de São Paulo, Sandro Maskio, a válvula de escape para a sustentação da economia regional foi a exportação de veículos para o Exterior. “Em tempos de fraca demanda interna, a ordem é buscar ajuda de outros países, o que é essencial para a nossa região, que possui seis montadoras”, assinala. De acordo com dados da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), no acumulado do ano 506 mil unidades foram embarcadas ao Exterior, aumento de 56,1% ante 2016 (342 mil).

Maskio afirma que o essencial é exportar mais do que importar, pois isso “torna o cenário mais competitivo”, completou. Para Balistiero, a tendência é que a retomada na economia aconteça mais rápido, caso não haja novos escândalos no âmbito político.


Argentina segue como a maior compradora da região

Na lista dos principais parceiros comerciais das sete cidades, nenhuma surpresa. A Argentina continua sendo o principal país comprador das empresas da região, totalizando US$ 1,458 bilhão (R$ 4,53 bilhões, considerando o dólar a R$ 3,11) em transações realizadas entre janeiro e agosto, cifra 13% maior na comparação com igual período no ano passado, quando os hermanos adquiriram US$ 1,291 bilhão (R$ 4 bilhões) em produtos oriundos do Grande ABC.

Logo em seguida vêm México, com US$ 334,9 milhões (R$ 1,04 bilhão) em comercializações; Chile, aos US$ 190,5 milhões (R$ 592,4 milhões), e Estados Unidos, que caíram da terceira para a quarta colocação no ranking de principais parceiros, totalizando US$ 175,6 milhões (R$ 546 milhões) em compras na região.

Por outro lado, a Alemanha lidera a lista dos países em que as empresas do Grande ABC mais compram, contabilizando valor da ordem de US$ 447 milhões (R$ 1,39 bilhão). Na sequência estão China, com US$ 323,2 milhões (R$ 1 bilhão), de Estados Unidos, com US$ 240,1 milhões (R$ 746,7 milhões), e, por último, a vizinha Argentina, com total de US$ 195,3 milhões em compras, o que equivale a R$ 607,3 milhões.

POR MUNICÍPIO - A cidade da região que tem a maior participação nas negociações internacionais é São Bernardo, que sozinha tem balança comercial superior a R$ 3 bilhões. Ribeirão Pires acumula US$ 35,4 milhões entre janeiro e agosto e, Santo André, US$ 19,3 milhões.

Na comparação com o mesmo período em 2016, houve alta nas importações de todos os municípios, menos em Rio Grande da Serra. Os destaques são Ribeirão Pires (aumento de 39,7%), Santo André (29,7%), Mauá (29,3%), São Bernardo (22,8%), São Caetano (9,11%) e Diadema (5,74%). Quanto às exportações, apenas duas cidades tiveram incremento na comparação com o mesmo intervalo em 2016: Diadema (39,4%) e São Bernardo (25,5%).

É importante ressaltar que cerca de 20%, ou US$ 570 milhões (total de US$ 2,651 bilhões em exportações) do volume exportado por São Bernardo, são compostos por veículos para transporte de mercadorias ou pessoas (ônibus e caminhões), que puxaram as vendas da região ao Exterior. As demais cidades do Grande ABC, por sua vez, tiveram leve queda na atividade.  




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