Um cinema de sensações. Philippe mostrou este ano, em Cannes, na Quinzena dos Realizadores, L'Amant d'Un Jour, com Éric Caravaca e Esther Garrel (sua filha). Quando propõe que o cinema flutue, Garrel está falando em flutuações íntimas. Do amor. Quase todo o seu cinema fala do impasse amoroso, mesmo quando o pano de fundo - Maio de 68 - parece dominante, em Os Amantes Constantes. O Amante de Um Dia integra o que muitos críticos consideram uma trilogia. O Ciúme, A Sombra das Mulheres e agora O Amante. Três filmes que passam feito romances, os três em preto e branco e de um pontilhismo que evocaria a pintura de um Seurat, se ele não fosse tão colorido.
Duas mulheres - uma sobe correndo a escada da escola para encontrar o amante no banheiro. A outra, de mala e cuia, é enxotada de casa pelo ex-amante. Gozo, e lágrimas. A garota expulsa vai bater à porta do pai professor, e ele tem uma amante jovem como ela. Houve, este ano, poucos grandes filmes em Cannes. O Amante de Um Dia foi um. Visages Villages, de Agnès Varda, foi outro. O Indie 2017 promove a retrospectiva de Philippe Garrel, desde La Cicatrice Interièure até J' Entends Plus la Gitare, responsável por sua consagração em Veneza, em 1991, Os Amantes Constantes, A Fronteira da Aurora, etc. Vai ficar devendo O Amante de Um Dia. Nem por isso será menos necessário descobrir esse autor visceral.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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