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Copom anuncia 8º corte seguido e Selic chega aos 8,25% por ano

É o percentual mais baixo desde 2013; caderneta de poupança muda

Gabriel Russini
Especial para o Diário
07/09/2017 | 07:19
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Rafael Neddermeyer/ Fotos Públicas


O Copom (Comitê de Política Monetária), do BC (Banco Central), promoveu ontem a oitava queda consecutiva na taxa básica de juros que rege a economia brasileira, a Selic, ao reduzir o percentual de 9,25% para 8,25% ao ano. Trata-se da menor taxa em pouco mais de quatro anos – em maio de 2013 a alíquota da taxa estava em 8% ao ano. No início de março, a entidade sinalizou que iria acelerar o ritmo de queda dos juros. O novo percentual passa a valer a partir de amanhã.

A redução de um ponto percentual do BC está de acordo com a previsão do relatório Focus até o fim do ano, de uma taxa de juros na casa dos 7,25%. Na concepção do economista e coordenador do curso de Administração do Instituto Mauá de Tecnologia, Ricardo Balistiero, o corte já era esperado pelo mercado. “Em razão de mais uma queda da inflação (2,46% em 12 meses), era mais do que certo de que os juros seguiriam por este caminho.”

Ainda segundo Balistiero, nem mesmo a recente oscilação no preço dos combustíveis e a mudança de cor da bandeira tarifária de amarela para vermelha nas contas de luz em agosto impactaram negativamente o índice inflacionário. “Até houve pressão (inflacionária), mas a queda nos preços dos alimentos fizeram contrapeso e, dessa forma, a opinião do Copom não se alterou.”
Para o coordenador do Observatório Econômico da Universidade Metodista de São Paulo, Sandro Maskio, apesar de mais um corte na taxa, a pessoa física não sentirá tantos impactos em um primeiro momento. “A taxa de juros real (Selic menos inflação) ainda está expressiva.”

Os economistas atribuíram o resultado da redução da taxa ao baixo índice de atividade econômica que ainda prejudica o País. “Por um lado é bom mas, por outro, é ruim, porque os motivos para esse desempenho não são os melhores”, complementou Balistiero.

Na avaliação do presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Paulo Skaf, porém, a alíquota de corte deveria ser maior. “Com previsão de inflação de 3,31% no fim deste ano, sem dúvida há espaço para cortes mais incisivos. A retomada da economia começa a se desenhar, mas ainda de modo muito lento. O Brasil tem pressa.”

A opinião é partilhada pelo presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, para quem, apesar da queda, os juros ainda continuam em patamares proibitivos, encarecem o crédito para investimentos e para a produção e reduzem o consumo das famílias. “A maior consequência é o aumento do desemprego.”

POUPANÇA - Com a decisão de ontem, o Copom ativou gatilho que altera a correção da aplicação financeira mais popular do País, a poupança. Quando a Selic fica abaixo dos 8,5% ao ano, a caderneta deixa de render os 6% ao ano mais a TR (Taxa Referencial), para remunerar 70% da Selic mais a TR – apenas para depósitos realizados após maio de 2012.

Há cinco anos, o governo Dilma Rousseff (PT) alterou a regra para evitar que grandes investidores migrassem para a poupança em tempos de juros baixos, que retraem a rentabilidade dos fundos. “O objetivo é deixar os títulos do governo mais atrativos quando isso acontece”, disse Balistiero.  




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