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Lutadores de Diadema superam dificuldades para brilhar no boxe

Danúbia Souza e Wilhan Borges faturam títulos paulistas para equipe do mestre Osmair Bobô

Dérek Bittencourt
03/09/2017 | 07:43
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Denis Maciel


Sábado, 26 de agosto de 2017. Os olhos dos aficionados por lutas estavam todos voltados a Las Vegas, onde o milionário e lendário Floyd Mayweather enfrentaria o falastrão do UFC Conor McGregor em confronto que movimentou quase R$ 2 bilhões em arrecadação. Naquela mesma data, a muitos quilômetros dali, horas antes, na divisa de São Paulo com Cotia, dois filhos de Diadema subiram ao ringue e sem pompa, glamour ou cifras conquistaram títulos paulistas da ABBoxe. Danúbia Souza, na categoria médios (75 kg) e Wilhan Braga, na leves (60 kg), derrotaram seus adversários e conquistaram cinturões, para orgulho e lágrimas do técnico Osmair Bobô, chefe da equipe que leva seu nome.

“Para mim, é motivo de muita alegria. Sou cara durão nos treinos para chorar de alegria lá. A gente vem fazendo esse trabalho com eles. Trabalho a longo prazo para chegar neste momento. Sempre falo: treino duro, luta fácil. Corremos atrás para buscar esse objetivo: trazer títulos à equipe Bobô Boxe e à (academia) Krypton Yervant”, destaca o treinador, que é tetracampeão brasileiro e defenderá o título em novembro.

Mas a emoção vai muito além da satisfação ou alegria pelos títulos. Isso porque tanto Danúbia, 21 anos, como Wilhan, 19, tiveram vitórias nas vidas pessoais: ela superou a falta de apoio, enquanto ele viu no esporte uma saída para ficar longe das influências que o estavam convidando às drogas.

“Minha família é complicada. Por ser mulher não tenho muito apoio, é difícil. Tem muita gente que duvida (de mim)por ser mulher, mas (o título) é incentivo para eu mostrar àqueles que duvidam. Não me abalo fácil e tudo o que vem de negativo transformo em incentivo para ir longe. Esse dia vai chegar e quero deixar todo mundo orgulhoso”, desabafa Danúbia, sem conter as lágrimas e buscando levar os ensinamentos do esporte para fora do ringue. “Gente para te colocar para baixo é o que mais tem. Te fazer desacreditar no sonho.... Então, a gente põe na cabeça para a vida toda que não deve baixar a guarda.”, complementa ela.

“O boxe me ajudou bastante. Tem tanta pessoa perdida no mundo, que tem futuro grande, mas não sabe aproveitar sonhos e objetivos, vai no embalo dos outros. Não segui conselho de amigos, porque soube separar aqueles que antigamente me chamavam para besteira, perdição. Me ofereceram drogas, mas não aceitei. Comecei a praticar e fui seguindo conselhos do mestre, o que me ajudou, me tirou da rua. Minha família está muito orgulhosa em ver filho correndo atrás do objetivo e do sonho”, relata Wilhan.

E as metas da dupla diademense – que foi homenageada quinta-feira, na Câmara – já estão traçadas. “Meu sonho é chegar à Seleção Brasileira, disputar uma Olimpíada e só crescer”, aponta a lutadora. “Meu sonho, desde os 13 anos, é ser profissional do boxe, conhecer outros países. Quero buscar títulos e ir para frente”, diz ele.

Segundo Bobô, o próximo passo é apresentar Danúbia e Wilhan à Seleção e buscar que ambos sejam testados e integrados ao time verde e amarelo. “Vou perdê-los aqui, mas terei dois pupilos meus na Seleção Brasileira”, projeta o mestre. 

Desempregados, atletas pedem apoio

Danúbia e Wilhan compartilham não só a paixão pelo boxe, os sonhos grandiosos e o fato de serem campeões paulistas, mas também a situação do desemprego. Sem conseguirem viver do boxe, ainda têm de pagar academia e suas inscrições nos campeonatos que vão participar. Desta maneira, pedem apoio para continuar trazendo conquistas para a região.

“Brasil, Diadema... Aqui tem estrela, o que não tem é quem ajude ela a brilhar”, diz o técnico Bobô. “Gostaria de pedir para empresários e para o poder público investirem no boxe. Hoje só se vê futebol e o Brasil não é só feito dele. Temos quatro medalhas olímpicas no nosso esporte (Servílio de Oliveira, Adriana Araújo, Esquiva Falcão e Robson Conceição). Falta apoio”, completa. “Ainda não (vive do boxe). É bem difícil, a gente tem de pagar para lutar. Atualmente estou desempregada, mas tentando”, declara Danúbia. “Meu foco está no boxe”, emenda Wilhan.

Segundo Bobô, a luta bilionária entre Floyd Mayweather e Conor McGregor deve servir para recolocar o boxe em alta. “Antes dessa luta, nossa nobre arte estava esquecida, pessoas a estavam menosprezando. Então, serviu para colocar a gente em evidência de novo. Foi o tira-teima para mostrar que o boxe é importante nas lutas mistas”, diz o treinador.<TL>




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