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Escolaridade é pior índice dos metalúrgicos
Alessandra Ber
Da Redaçao
02/01/1999 | 18:32
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Apesar de muitos trabalhadores apresentarem melhores salários, o nível de escolaridade nao acompanha o desenvolvimento das remuneraçoes. Os trabalhadores com mais de 35 anos recebem, em média, R$ 5 por hora, enquanto a qualificaçao nao acompanha os outros índices. A constataçao é do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André, que avaliou os salários, as faixas etárias e a escolaridade dos trabalhadores de oito empresas de sua base.

De acordo com Nilton Sales, diretor do sindicato, "os funcionários mais velhos, perto de se aposentar, têm salários mais altos, enquanto os mais novos têm salários mais baixos. A empresa deixa de avaliar sua capacidade produtiva". Isso, segundo ele, significa que os trabalhadores têm boa remuneraçao adquirida com o tempo de trabalho e nao a partir de qualificaçoes. Com a pesquisa, a entidade descobriu uma forma de cobrar dos empresários contribuiçoes no desenvolvimento dos trabalhadores. Com os resultados, o sindicato espera sensibilizar as empresas para a abertura de salas do Telecurso Primeiro Grau para os funcionários.

Do ponto de vista sindical, além do aspecto social, a qualificaçao tem importância no que se refere à força da entidade. Segundo Sales, os trabalhadores que nao têm o primeiro grau completo, quando saem de alguma empresa nao voltam ao setor. "Hoje, as empresas nao contratam quem nao tem o primeiro grau. Quem está nessa situaçao, quando deixa uma empresa, nao consegue entrar em outra e acaba indo para o setor de serviços", diz o diretor do sindicato. "Nao pode haver um funcionário com mais de dez anos de empresa e sem escolaridade. O sindicato nao pode ajudar a empresa a lutar por menores impostos, por exemplo, se ela nao tem comprometimento social com os funcionários."

Com base nos dados apresentados pelo sindicato, a direçao da Pierre Saby e do Grupo Eluma se comprometeram a abrir telesalas já no começo deste ano para seus funcionários.

Na Fundiçao Mauá, o sindicato negociou a criaçao de um PDV (Programa de Demissoes Voluntárias) e conseguiu também acertar a criaçao de um curso de requalificaçao para os que aderirem ao programa. O sindicato cede um espaço em sua sede e a empresa arca com as despesas. Sales explicou que, além do curso, os ex-funcionários participarao também de um programa de orientaçao vocacional. Segundo Sales, as empresas têm se mostrado disposta a discutir o assunto. "Elas se dizem surpresas, pois nao conheciam as informaçoes." Aulas - Durante os meses de agosto e setembro, foram coletados dados nas empresas Eluma (unidades de Santo André e Capuava), TRW (plantas de Mauá e Santo André), Hags Wheels (antiga FPS), Pierre Saby, Fundiçao Mauá e Prats Masó.

Na Eluma de Capuava, por exemplo, 49,3% dos trabalhadores têm mais de 35 anos, contra 50,7% com idades entre 18 e 25 anos. O índice de trabalhadores com primeiro grau incompleto alcança os 41,1%. Quarenta e um por cento dos trabalhadores ganham entre R$ 4,11 e R$ 5,15, enquanto 26,1% ganham mais de R$ 5,15. A unidade tem 900 funcionários.

No caso da TRW, que tem salas de aulas para os empregados, os números sao outros. Na planta de Mauá, apenas 13,7% dos 1,1 mil funcionários têm o primeiro grau incompleto. O percentual de trabalhadores com mais de 35 anos é de 17,5%, enquanto 82,5% têm entre 18 e 35 anos. A faixa salarial fica mais equilibrada: 17,5% ganham entre R$ 2,40 e R$ 3; 15,7%, entre R$ 3,04 e R$ 5; e 28,7% ganham mais de R$ 5.

Na unidade de Santo André todos têm primeiro grau completo. Dos 400 trabalhadores da fábrica, 32,8% têm o primeiro grau completo e 64,7% possuem o segundo grau. De acordo com Sales, a pesquisa detecta o grau de comprometimento das empresas com os seus trabalhadores. "O estudo melhora a sua capacidade produtiva e pode auxiliar a empresa na obtençao de certificaçoes", afirma.




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