De acordo com Nilton Sales, diretor do sindicato, "os funcionários mais velhos, perto de se aposentar, têm salários mais altos, enquanto os mais novos têm salários mais baixos. A empresa deixa de avaliar sua capacidade produtiva". Isso, segundo ele, significa que os trabalhadores têm boa remuneraçao adquirida com o tempo de trabalho e nao a partir de qualificaçoes. Com a pesquisa, a entidade descobriu uma forma de cobrar dos empresários contribuiçoes no desenvolvimento dos trabalhadores. Com os resultados, o sindicato espera sensibilizar as empresas para a abertura de salas do Telecurso Primeiro Grau para os funcionários.
Do ponto de vista sindical, além do aspecto social, a qualificaçao tem importância no que se refere à força da entidade. Segundo Sales, os trabalhadores que nao têm o primeiro grau completo, quando saem de alguma empresa nao voltam ao setor. "Hoje, as empresas nao contratam quem nao tem o primeiro grau. Quem está nessa situaçao, quando deixa uma empresa, nao consegue entrar em outra e acaba indo para o setor de serviços", diz o diretor do sindicato. "Nao pode haver um funcionário com mais de dez anos de empresa e sem escolaridade. O sindicato nao pode ajudar a empresa a lutar por menores impostos, por exemplo, se ela nao tem comprometimento social com os funcionários."
Com base nos dados apresentados pelo sindicato, a direçao da Pierre Saby e do Grupo Eluma se comprometeram a abrir telesalas já no começo deste ano para seus funcionários.
Na Fundiçao Mauá, o sindicato negociou a criaçao de um PDV (Programa de Demissoes Voluntárias) e conseguiu também acertar a criaçao de um curso de requalificaçao para os que aderirem ao programa. O sindicato cede um espaço em sua sede e a empresa arca com as despesas. Sales explicou que, além do curso, os ex-funcionários participarao também de um programa de orientaçao vocacional. Segundo Sales, as empresas têm se mostrado disposta a discutir o assunto. "Elas se dizem surpresas, pois nao conheciam as informaçoes." Aulas - Durante os meses de agosto e setembro, foram coletados dados nas empresas Eluma (unidades de Santo André e Capuava), TRW (plantas de Mauá e Santo André), Hags Wheels (antiga FPS), Pierre Saby, Fundiçao Mauá e Prats Masó.
Na Eluma de Capuava, por exemplo, 49,3% dos trabalhadores têm mais de 35 anos, contra 50,7% com idades entre 18 e 25 anos. O índice de trabalhadores com primeiro grau incompleto alcança os 41,1%. Quarenta e um por cento dos trabalhadores ganham entre R$ 4,11 e R$ 5,15, enquanto 26,1% ganham mais de R$ 5,15. A unidade tem 900 funcionários.
No caso da TRW, que tem salas de aulas para os empregados, os números sao outros. Na planta de Mauá, apenas 13,7% dos 1,1 mil funcionários têm o primeiro grau incompleto. O percentual de trabalhadores com mais de 35 anos é de 17,5%, enquanto 82,5% têm entre 18 e 35 anos. A faixa salarial fica mais equilibrada: 17,5% ganham entre R$ 2,40 e R$ 3; 15,7%, entre R$ 3,04 e R$ 5; e 28,7% ganham mais de R$ 5.
Na unidade de Santo André todos têm primeiro grau completo. Dos 400 trabalhadores da fábrica, 32,8% têm o primeiro grau completo e 64,7% possuem o segundo grau. De acordo com Sales, a pesquisa detecta o grau de comprometimento das empresas com os seus trabalhadores. "O estudo melhora a sua capacidade produtiva e pode auxiliar a empresa na obtençao de certificaçoes", afirma.
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