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África espera do G8 mais do que redução da dívida
Da AFP
01/07/2005 | 11:38
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A África espera que as autoridades do G8 aprovem um plano de ajuda ao continente, e considera insuficiente o acordo anunciado para aliviar a dívida de alguns países pobres. Um "Plano Marshall" para a África, proposto pelos britânicos, deverá ser examinado pelas autoridades do Grupo dos Oito, que irão se reunir entre os próximos dias 6 e 8 na Escócia.

"Também esperamos que o G8 examine as questões de acesso aos mercados dos países desenvolvidos, e da reforma da ajuda ao desenvolvimento", disse Mohamed Jahed, economista da Nepad (Nova Cooperação para o Desenvolvimento da África), com sede em Johannesburgo.

O G8 vai oficializar o acordo fechado no mês passado sobre a anulação da dívida multilateral de 18 países pobres, 14 deles africanos. Mas há poucas chances de que consiga adotar uma posição comum sobre outros dois aspectos do plano: um aumento da ajuda, condicionada a "uma boa administração" e à luta contra a corrupção, e um maior acesso de seus mercados aos produtos do continente.

Para os africanos, uma anulação das dívidas não será suficiente para tirar o continente do subdesenvolvimento. A ONG (organização não governamental) britânica Oxfam, muito atuante na África, quer que "saia algo mais da reunião do G8. Esperamos uma anulação completa da dívida. Gostaríamos também que os países ricos respeitassem os prazos no que se refere à entrega da ajuda", disse Junaid Seedat, uma das autoridades da Oxfam na África do Sul.

Para George Mwangi, pesquisador de ciências políticas da Universidade de Nairóbi, a ajuda não é suficiente: "As questões referentes ao equilíbrio do comércio são essenciais, pois assim a África terá capacidade de resolver seus próprios problemas, das guerras à Aids".

A opinião de Mwangi é compartilhada pelo analista queniano Korwa Adar, diretor de pesquisas do Africa Institute de Pretória, segundo o qual "os países ricos deveriam, antes de tudo, autorizar os produtos e mercadorias do continente sem impor tarifas particulares".

Segundo Adar, os países ricos também podem tomar iniciativas na luta contra a corrupção. "Se o dinheiro depositado secretamente em contas bancárias no exterior pudesse ser devolvido ao continente, isto ajudaria muito a África", disse, estimando que "este dinheiro representa quase 100 vezes, provavelmente mais, o que os ocidentais deram até agora ao continente".




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